Mesmo com um dos ce-nários mais negativos para a logística – maior índice de trafego, intensa restrição à circulação de veículos de carga, mão de obra escassa
e cara, alta taxa de roubos de carga e grande concentração de empresas con-correntes – a região sudeste ainda é o Oásis para muitas empresas do setor.
Para se ter ideia desse potencial, dos operadores logísticos que participaram da pesquisa Perfil Operadores Logísti-cos 2012, 91% atendem algum estado do Sudeste, sendo que 26% desse total foca exclusivamente a região. E a justificativa é simples: esses quatros estados con-centram o maior número de empresas, indústrias, portos, estradas e aeroportos do País, movimentam milhões de tone-ladas diariamente e, melhor, ainda não cessaram o potencial de crescimento.
No ritmo
Se há algum limite para o crescimen-to do Sudeste, esse fim ainda está longe de acontecer. A região segue em desen-volvimento assim como o restante do País. E, embora não navegue no mesmo ritmo do Nordeste, ainda mantém a liderança e não vê sinais de concorrência, o que acende o interesse dos operadores logísticos em manter ou aplicar investi-mentos nesses estados.
E razões não faltam: a região con-centra o maior número de empresas de alto crescimen-to do País, 20% do total, se-gundo o estudo Estatísticas do Empreendedorismo 2008/2011, divulgado pelo IBGE (Instituto Bra-sileiro de Geografia e Estatística).
Possui um dos maiores e mais interessantes mercados consumidores, já que de cada 100 brasileiros, 42 vivem no Sudeste, sendo que essa população ainda é responsável por 52% do poder de consumo do País (IPC Maps 2011).
Para Marcelo Flório, CEO da Log Fashion, operador logís-tico que atua exclusivamente nos quatro estados do Sudeste, a concor-rência é grande na Região, mas ainda há muita possibilidade de crescimento.
“Principalmente para empresas com espe-cialização em segmentos específicos, como têxtil e varejo esportivo, por exemplo”.Opinião compartilhada por Josias Evangelista, da Confiance.log, que atua no estado paulista. “Oportunidade para crescer sempre existe, pois o mercado é muito grande e ainda há espaço para mais empresas”, acrescenta. Mas para isso, Josias acredita que é necessário investir em atendimento eficiente e acu-racidade nos processos, itens que ainda incomodam os clientes e são imperdoá-veis na Região. “Porque quem contrata um operador logístico quer ter certeza que a empresa será além de um fornece-dor de serviço, um parceiro interessando no resultado como um todo.”
Mas esse potencial de crescimento esbarra na falta de segurança ou no excesso de violência urbana. Para se ter ideia desse cenário, das ocorrên-cias de roubo de carga registradas no Brasil em 2010, 80% aconteceram na região Sudeste (dados NTC&Logística), o que afeta o bolso das empresas com prejuízos de cerca de R$ 700 milhões.
Segundo Marcelo, nem os rastreadores conseguem inibir por completo essas ocorrências, já que áreas sem sinal ainda podem ser encontradas, principalmente em horários de pico.
São Paulo
Também rodeado de pontos positi-vos e negativos, o estado de São Paulo concentra o maior número de empresas do segmento logístico. De acordo com o Perfil Operadores Logísticos 2012, apenas 16% das empresas respondentes não atuam em São Paulo. E, entre as empresas que operam exclusivamente na região Sudeste, 69% só atuam no estado paulista. Essa concentração se confunde com outros números, como a maior po-pulação do País, mais de 41 milhões de pessoas; a maior frota de veículos, mais de 24 milhões, contra 45 milhões em todo o Brasil (Denatran).
Esse excesso obriga o estado a criar restrições tanto com o intuito de elevar a qualidade de vida da população, como para aumentar a capacidade produtiva.
No entanto, essas restrições, nem sempre bem planejadas, não beneficiam a logísti-ca em alguns casos, pelo contrário, cria–se mais um problema. “Precisamos de cinco veículos urbanos de carga (VUCs) para realizar a entrega que poderia ser concluída por apenas um caminhão”, explica Marcelo. A observação se dirige às restrições quanto ao uso de caminhões nos grandes centros urbanos paulistas, principalmente na cidade de São Paulo.
Para Josias, as legislações municipais, às vezes, não têm critério e isso interfere no planejamento das operações.
Por outro lado, um estado com forte concentração de empresas e pouca pos-sibilidade de crescimento geográfico exige que o varejo busque nos operado-res logísticos soluções para ganhar poder de escala, aponta Josias. “A atuação como operador logístico em estados como São Paulo, permite experiência suficiente para nos deixar em vantagens frente a concorrência”, conclui.