Veja como uma das maiores fabricantes de embalagens para
a indústria e o varejo incorporou o conceito de inovação à logística
Quando uma empresa se assume como inovadora, esse conceito não pode ficar limitado aos produtos finais, precisa ser inserido em todos os processos da companhia. Lição seguida à risca pela Antilhas, uma das maiores fabricantes de embalagens para o varejo e a indústria. Seus produtos estão presentes nas principais redes do País, a exemplo das sacolas de papel que circulam entre os clientes das lojas O Boticário ou dos sacos plásticos que cobrem as malas vendidas na Le Postiche.
E justamente por atender grandes marcas, a Antilhas, mais do que oferecer produtos de qualidade, precisa responder às necessidades operacionais desses clientes, como entregas no prazo correto, a preço competitivo e com ganhos de produtividade. Para chegar a esse objetivo, a empresa passou por uma reestruturação que envolveu desde o posicionamento da marca até a composição logística, em que houve aumento da capacidade operacional, sem elevar o espaço físico.
Logística de cara nova
Com 28 mil metros quadrados, o prédio da Antilhas, localizado em Santana do Parnaíba, região oeste da Grande São Paulo, abriga, além da área administrativa e comercial, o almoxarifado, o estoque de produtos acabados (armazenagem, separação de pedidos e expedição) e a área de produção. Seguindo uma estrutura linear, em que o almoxarifado abastece a produção, que alimenta o estoque e por último expede os produtos, a fábrica precisa otimizar o espaço.
Um dos objetivos da Antilhas durante o processo de reposicionamento foi justamente ampliar a capacidade do estoque sem aumentar os 4 mil m² disponíveis.
Para isso, a empresa substituiu os racks blocados por estruturas porta-paletes com dupla profundidade e adquiriu três empilhadeiras retráteis, equipadas com garfos telescópicos, para facilitar o acesso na parte interna da estrutura.
Resultado: o estoque passou de 5.200 posições paletes para 8.700 posições, um aumento de 67% na capacidade de estocagem. Com isso, a operação amplia a possibilidade de atender em curto prazo os pontos de venda espalhados pelo País. Desse montante de posições, a empresa ocupa atualmente 68%, devendo se aproximar da ocupação total com a chegada das principais datas sazonais, como Dia das Mães, Dia dos Namorados e Natal. Nesses períodos, chegase a expedir 431 mil volumes por mês,
enquanto que, em um momento estável, esse número fica próximo de 130 mil volumes/ mês.
A área de distribuição também está passando por mudanças, Segundo Luis Gustavo Bragatto, gerente de supply chain da Antilhas, as transportadoras já não querem atender pequenas demandas, preferem ser o principal “player” (operador logístico) de grandes empresas.
Em outras palavras, utilizar oito transportadoras passou a ser uma alternativa arriscada, que, além de dificultar o controle, torna-se mais onerosa. “Estamos reduzindo o número de transportadoras de oito para quatro, com o intuito de elevar o nível de qualidade das entregas”, explica Bragatto.
Para completar, a Antilhas também estuda a implementação de um software de TMS (“transportation management system”, sistema de gerenciamento de transporte) para aumentar o controle e a rastreabilidade das mercadorias.
De acordo com Bragatto, a empresa também implementará mudanças na movimentação da produção.
“Ainda temos desperdícios invisíveis em razão da falta de rotas na área fabril para movimentação tanto de materiais quanto de pessoas”, aponta. “Os percursos para completar uma tarefa ainda são longos, podemos otimizar isso.” A ideia da empresa é aperfeiçoar as funções do WMS (“warehouse management system”, sistema de gerenciamento de armazéns) para criar rotas mais eficientes.
Embalagens just-in-time
As embalagens são direcionadas, em sua maior parte, às franquias das grandes redes de varejo, como:
O Boticário, Água de Cheiro, Le Postiche, entre outras. No total a Antilhas faz a logística para 12 mil pontos de vendas no Brasil.
Para atender a demanda sem gerar ruptura e nem estoque, a Antilhas implementou nos anos 90 um sistema de aquisição online, chamado JIT (“just-in-time”), no qual a franquia pode solicitar o modelo e a quantidade de embalagens para seu suprimento. Com isso, foi inaugurado, inconscientemente, um sistema de e-commerce.
As entregas passaram a atender os prazos, e as rupturas foram inibidas. Atualmente, 70% das vendas da Atilhas partem em JIT, o que em números pode ser traduzido em sete mil pedidos por mês.
Para aperfeiçoar esse controle e, principalmente, otimizar os fretes, a empresa inseriu o JIT Evolution, que, como o próprio nome sugere, é uma evolução do antigo sistema. Segundo Claudia Sia, gerente de marketing e responsável pela implementação do sistema, duas empresas estão operando nesse modelo, ainda como piloto, o que corresponde a 3.100 pontos de venda. A ideia é que o pedido entre no sistema e converse com o WMS, alinhando as demandas, tanto das franquias quanto da produção.