Conheça a opinião e a análise de importantes empresas sobre o setor e as perspectivas para o futuro.
Com pontos de vista distintos, mas semelhantes objetivos quanto à melhora das opera-ções logísticas no Brasil é que as empresas que participaram da Pesquisa Operadores Logísticos 2012 apontam soluções e perspectivas para o segmento de transporte de cargas, arma-zenagem e movimentação.
Intralogística
“Ao falar em intralogística, percebo uma grande evolução nos procedimentos operacionais, suportados principalmente pelas novas tecnologias. Felizmente, no Brasil, já temos acesso à praticamente to-das as melhores ferramentas do mundo, tanto em equipamentos quanto em pro-gramas. O grande desafio agora é maximi-zar o uso dessa tecnologia, provendo me-lhores resultados aos negócios”, afirma o diretor da FaelLog, Guilherme Almeida.
Para André Luís Façanha, diretor-exe-cutivo do Grupo Toniato, não há diferença de tecnologia para operações logísticas nacionais em comparação aos demais pa-íses desenvolvidos. “Temos a nossa dis-posição equipamentos de movimentação, estruturas de armazenagem, hardwares e softwares de última geração, sistemas au-tomatizados e sobretudo ‘know how’ dis-ponível para implementá-los”, exemplifica.
“O desafio agora é avançar neste processo agregando valor às cadeias de suprimen-tos dos nossos clientes, capturando assim as oportunidades existentes.”
É o que Roldo Goi, diretoria de ope-rações e negócios da McLane do Brasil acredita. Segundo ele, existem muitas oportunidades de melhorias significativas na movimentação interna das indústrias, como existe nos armazéns dos provedores de serviço. “A visualização dessas oportunidades não é imediata, mas sim o resultado de um trabalho paciente e deta-lhado de levantamento em relação a mo-vimentação”, explica. “Com esse levanta-mento, é possível definir substanciais me-lhorias, reduzindo os custos numa taxa inimaginável a olho nu.”
Multimodalidade
Na opinião de Fernando Metidieri, da Pavlog a operação logística tem um peso significativo no custo Brasil, graças à fal-ta de infraestrutura e a um elevado custo operacional. “Por isso, acreditamos que para solucionar esses gargalos a imple-mentação da multimodalidade seria exce-lente e a melhor alternativa”, explica.
Profissionalização
Avaliando a evolução do setor, Ed-mundo Schroeder, diretor da Cooper-cargo, acredita que a maioria dos pro-fissionais da área de logística passou a ter uma visão mais globalizada do setor, não se atendo somente a própria ativida-de e, sim, enxergando a cadeia como um todo. “O que tem se percebido é que as empresas de logística estão mais atentas às necessidades de seus cliente e forne-cedores, como na questão de apresentar serviços diferenciados e agregados aos produtos, com preços mais competitivos.”
Segundo Rildo Ramires, diretor de operações da Art-Services, existe atual-mente um ambiente com operadores lo-gísticos cada vez mais consolidados, o que resulta em uma forte pressão competiti-va. “Os clientes também estão inseridos em ambientes muito concorridos, em que multinacionais disputam o mercado na-cional para gerarem lucros a suas matri-zes em crise”, aponta. “Com isso, exercem uma pressão por melhores performances e redução de custos. No entanto, apenas as empresas competentes e criativas ge-rarão diferencial significativo e isso dará ao mercado um perfil cada vez melhor.”
Melhorias também são observadas por José Henrique Bravo Alves, diretor geral da Manserv Logística. Segundo ele, o mercado comprador de serviços logís-tico no Brasil tem elevado seu nível de exigência a cada dia e isso tem propicia-do a melhoria na qualificação dos ope-radores logísticos. “Há alguns anos, so-mente os operadores internacionais pos-suíam tecnologia e know-how suficiente para apresentar soluções diferencia-das”, explica. “Hoje, com a globalização e muito conhecimento, alguns operadores já possuem ferramentas, sistemas e pes-soas altamente qualificadas para análise e sugestão de melhor fluxo e produtivi-dade de determinada operação.”
Transporte rodoviário
Para Irai Antonio Lopes da Silva, di-retor comercial da Libra Logística, o mo-dal sofre com as dimensões do território brasileiro. “Todos sabem que nosso prin-cipal modal é o transporte rodoviário de carga e que esse perfil logístico gera problemas em razão da proporção do território brasileiro, como rodovias em péssimas condições, falta de segurança, estrutura precária de atendimento ao motorista e alto custo de combustível.”
Segundo Urubatan Helou Junior, con-troller de frota da Braspress, cerca de 60% do transporte de carga é realizado pelo caminhão no Brasil. “E diante da des-regulamentação do setor, acredito que exista ainda muito espaço para a profis-sionalização, pois apenas com a redução da informalidade é que o setor pode me-lhor se organizar e continuar operando nesse tipo de concorrência”, explica.
A falta de alternativa, de acordo com Paulo Guedes, diretor-presidente da Veloce Logística, tornou o modal rodoviário eficaz e seguro. “Embora o Brasil seja um país de dimensões con-tinentais, com bacia hidrográfica im-portante, costa marítima que abrange quase todo o país, o modal rodoviário ainda se destaca como o maior item na matriz de transporte brasileira”, lem-bra. “Por isso, os operadores logísticos e as transportadoras se adaptaram a essa realidade e oferecem soluções eficazes e seguras nesse modal.”
Os custos também são uma preocu-pação para Tiago Almeida, gerente de lo-gística da Excelog. “Como a infraestrutu-ra brasileira (portos, rodovias, ferrovias) tem baixa qualidade e o Brasil sendo um país continental, temos um alto custo operacional, o que inviabiliza de certa forma algumas operações, elevando o preço do produto final.”
Perspectivas
Na opinião de Agapito dos Anjos, diretor executivo da Stock Tech, as soluções clássicas de atendimento da cadeia de suprimentos ficarão cada vez mais obsoletas e serão substitu-ídas por outras, mais inovadoras e com maior capacidade de gerenciar operações customizadas e precisas, tratando ainda do paradoxo que a ne-cessidade de escala e gestão de cus-tos impõe. “Estamos passando por um momento de consolidação muito for-te, que tende a qualificar e padronizar o nível de qualidade e a performance mínima que será exigida dos opera-dores logísticos, sejam em operações próprias ou terceirizadas”, acrescenta Agapito.
Paulo Adelino, diretor da Hiper-con, acredita que a operação logísti-ca está se consolidando no País ago-ra. “Embora haja grandes obstáculos, como o transporte de cargas, são exa-tamente esses obstáculos e a necessi-dade que a indústria tem identificado de se concentrar no ‘core business’ que farão o operador logístico assumir cada vez mais posições desde a fábrica até o mercado consumidor.”
De acordo com Felippi Perez, dire-tor comercial e de projetos da Keepers, logisticamente o mercado tem conse-guido grandes avanços nas duas últi-mas décadas em relação a operações em outros Estados. “Novas tecnologias e profissionais mais qualificados e até setorizados geograficamente têm cola-borado com essa evolução e possibili-tado que os Estados mais distantes e com menor infraestrutura logística possam participar efetivamente do planejamento das grandes indústrias nacionais e internacionais.”
Para Samir Carvalho, diretor co-mercial da ARM Logística, cada vez mais as empresas brasileiras estão dando importância aos processos de transporte, armazenagem, estoque, previsão de vendas e distribuição.
“Eles entenderam que se trata de um diferencial competitivo”, acrescenta.
“A tendência será de investimentos nesses processos que consequente-mente resultarão no desenvolvimento e na capacitação dos profissionais em busca da excelência logística.”
O Brasil também deverá fazer grandes investimentos em obras de in-fraestrutura. É o que aponta Luiz An-tonio Trotta Miranda, diretor da DCDN. “São obras para ampliação de aeroportos, portos, ferrovias e hidro-vias que envolvem investimentos em processos logísticos mais eficazes e modernos”, exemplifica.