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caminhaogreve2Com pouca esperança de reverter o tabelamento do frete no curto prazo, empresas começam a formar frotas próprias de caminhões para driblar o aumento do custo.

A Cargill informou nesta terça-feira, 24, que analisa a aquisição de uma frota própria de caminhões e a contratação de motoristas. O ‘Estadão/Brodcast’ apurou que só a JBS comprou 360 caminhões em junho para ampliar sua frota e tem em vista a aquisição de outras unidades. Procurada, a empresa confirma a compra.

“Essa é a tendência – e digo isso com um certo pesar, porque não é o nosso negócio”, comentou o presidente da Associação Nacional dos Usuários de Transportes (Anut), Luis Henrique Teixeira Baldez. Mas ele confirma que diversas empresas, não só do agronegócio, estão formando frota. Algumas já tinham caminhões e estão retomando seu uso. Outras estão recorrendo a leasing ou aluguel de frotas inteiras. Frete tabelado: Quem vai pagar essa conta?

Solução. O aluguel de caminhões tem sido a solução de curto prazo, já que há dificuldade em obter veículos novos. “A entrega é só para fevereiro do ano que vem”, disse o diretor executivo do Movimento Pró Logística da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Mato Grosso (Aprosoja), Edeon Vaz Ferreira.

Com caminhões e motoristas próprios, as empresas tentam escapar dos preços mínimos do frete fixados pelo governo que, em alguns casos, chegam a 100%. “Instalou-se um grau de insegurança jurídica muito grande e essa foi a forma que as empresas encontraram para continuar operando”, diz Vaz.

Em seu comunicado, a Cargill afirma que as compras de serviços de transporte sempre ocorreram com base na oferta e na procura. “Com o tabelamento, indústrias e exportadores terão que repensar a forma como irão operar no Brasil, pois cria-se uma ruptura no funcionamento natural da cadeia de suprimentos e desequilibra os contratos, a ponto de comprometer a confiança na expansão sustentável do agronegócio”, enfatizou no comunicado o diretor de grãos e processamento da Cargill para América Latina, Paulo Sousa.

A Cargill acrescentou que “o tabelamento é um atraso ao modelo econômico-social brasileiro e traz enormes impactos financeiros para a população que mais necessita de alimentos”. Na última segunda-feira, as entidades do agronegócio divulgaram um comunicado alertando para as consequências do tabelamento do frete: mais inflação, insegurança jurídica e o afastamento de investimentos do País. O Supremo Tribunal Federal analisa a constitucionalidade do tabelamento do frete.

Por Lu Aiko Otta, Camila Turtelli e Letícia Pakulski, O Estado de S.Paulo

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