Tendo como meta a entrega de produtos no mesmo dia ou no dia seguinte, as principais empresas de comércio eletrônico do mercado brasileiro vêm promovendo uma forte expansão de seus centros de distribuição.
Segundo dados da empresa de pesquisa do mercado imobiliário Buildings, Amazon, Mercado Livre, Magazine Luiza e B2W ampliaram em 42% a área que operam em condomínios logísticos para apoiar a distribuição de produtos vendidos no e-commerce.
A Amazon ocupava 12 mil m² de condomínio na idade de Barueri. Partiu desse para uma área para 48,5 mil m² na cidade de Cajamar.
Já o Mercado Livre partiu de área de 17 mil m² na cidade de Santana de Parnaíba (SP) para 51 m² na cidade de Louveira, no mesmo estado.
Movimentos do tipo também foram registrados em empresas como Magazine Luiza, que passou de 190 mil m² para 225 mil m² neste ano, segundo a Buildings, e na B2W (dona de Submarino e Americanas.com), que foi de 89 mil m² para 112 mil m².
Sem informar o crescimento anual, a Via Varejo também apontou avanço na área dedicada à logística para comércio eletrônico.
Segundo Fernando Didiziakas, sócio da Buildings, há em comum entre os investimentos o fato de serem feitos em espaços de alto padrão, com características como 12 metros de pé direito e capacidade de receber até cinco toneladas por metro quadrado (o que permite o empilhamento de grandes volumes) e perto de grandes centros comerciais.
Em sua avaliação, as companhias estão aproveitando momento de preços baixos no mercado imobiliário para se instalarem em locais que as permita melhorar o sistema de entregas de produtos.
Ele lembra que o estudo observou apenas condomínios logísticos, mas é possível que as empresas avaliadas tenham outros centros de distribuição menores e dentro das grandes cidades.
O plano das companhias do setor é mudar a lógica de como são feitas boa parte das entregas dos produtos vendidos no site das grandes varejistas da internet.
A maior parte dos itens expostos em seus sites vem de outras lojas ou de indústrias, no modelo conhecido como marketplace, em que o site mais visitado serve como vitrine para outras empresas.
Por exemplo, uma loja de instrumentos musicais pode expor seus produtos em um site desses, em troca de uma comissão de cerca de 10% por venda.
Quando uma compra é fechada em um site desses, o responsável pelo frete, via de regra, é a empresa dona dos instrumentos, não a loja virtual onde a compra foi fechada.
A ideia é mudar isso e adotar modelo no qual a loja virtual passa a armazenar os itens de terceiros e cuidar de toda a logística para a entrega deles, no caso os violões ou pandeiros, até a casa do consumidor.
Pedro Guasti, consultor de negócios especialista em comércio eletrônico da Ebit|Nielsen, diz que a adoção desse modelo, conhecido internacionalmente como Fullfilment e tendo a Amazon como pioneira nos Estados Unidos, indica uma evolução no mercado brasileiro.
Leandro Bassoi, diretor do Mercado Envios (unidade de logística do Mercado Livre), diz que a colocação de produtos no centro de distribuição da empresa permitiu a redução do tempo de entrega para um terço do que tinha sendo obtido no modelo tradicional. A companhia passou a oferecer o modelo em setembro do ano passado.
Paulo Madureira, diretor de marketplace da Via Varejodiz, diz que a empresa deve fechar o ano com dezenas de companhias que vendem em seus sites usando centro de distribuição. Espera que sejam centenas no próximo ano e milhares no seguinte.
Segundo ele, a empresa tem mais de 100 mil m² reservados para estocagem de itens do comércio eletrônico.
A empresa vem expandindo sua área dedicada ao segmento aproveitando áreas disponíveis em sete centros de distribuição que já existiam para atender o varejo físico.