Fabricantes das maiores marcas de pneus industriais analisam o mercado e explicam quais fatores devem ser considerados na hora de substituir
Manter o baixo custo em uma operação exige cuidados com todos os seus aspectos, inclusive com os equipamentos e seus componentes. Os pneus industriais devem ser destacados na empilhadeira, já que a utilização correta permite prolongar a vida útil sem danos ou prejuízos para o equipamento e a operação.
A Revista INTRALOGÍSTICA reuniu os maiores fabricantes de pneus para empilhadeira em um debate em que discutido como escolher o equipamento correto, as dificuldades para garantir o bom uso e como manter os pneus em funcionamento por mais tempo.
Para Paulo Nobre, gerente de vendas da Rodaco, entre os aspectos que devem ser considerados na escolha do pneu está o custo-benefício. “Os locadores, que são nossos maiores consumidores, consideram o custo-benefício item ‘A’ na hora de comprar”, explica.
Para isso, é preciso analisar todos os aspectos da operação, como piso, carga, ambiente, temperatura, distância, capacidade e horas de trabalho. Vinícius Penna, da Continental, acredita que os consumidores precisam conhecer os diferentes pneus e suas aplicabilidades.
“Muita gente não sabe a diferença entre os modelos. Compram o mais barato e não conhecem as variações, onde é melhor utilizar um tipo ou outro.”
Os pneus podem ser superelásticos e cushions (que não necessitam de ar internamente, são maciços), radiais ou diagonais (pneumáticos). Os superelásticos têm algumas vantagens, pois não precisam de cuidados como calibragem, e manutenção no geral, além do custo-hora ser menor.
“A durabilidade do superelástico e do radial é praticamente a mesma, mas o primeiro custa de 30% a 40% menos”, afirma Paulo Borsoi, supervisor de vendas da Trelleborg. Outra dificuldade do radial é o fato de necessitar de calibragem.
De acordo com os fabricantes, a maioria das empresas não possui o compressor correto, ou não deixa o pneu na calibragem ideal por falta de conhecimento, o que diminui sua vida útil. Mas existe um problema que o superelástico não consegue superar, que é o aquecimento. Com o aprimoramento na movimentação, as empilhadeiras ficaram mais ágeis, o que faz o pneu aquecer, pois está constantemente operando.
Por causa de sua composição de borracha natural, o superelástico não dissipa calor, o que aumenta o risco de arrebentar. Nesse ponto, o radial o supera, já que suporta o aquecimento com mais facilidade, sem prejudicar sua vida útil.
Borracha em alta
Um aspecto que tem preocupado os fabricantes é que, na mesma medida em que a procura por pneus cresce, cresce também o preço da borracha. “O Brasil não é autossuficiente em borracha, então as empresas acabam buscando outras matérias-primas para fabricar seus pneus”, aponta Paulo, da Trelleborg.
Apesar disso, a empresa tem na maior parte da composição dos pneus superelásticos borracha natural, já que não os fabrica no País. Mas não é só a alta da borracha que preocupa os fabricantes. “Temos que lidar com altas do dólar, além dos tributos elevados do sistema portuário”, destaca Jorge de Freitas Rodrigues, diretor da Solideal.
Fernando Neubern, diretor da Tyresfer, acredita que para se manter competitivas no mercado, as empresas terão de reduzir custos. “A borracha sintética era mais cara que a natural, mas agora esse cenário está se invertendo, gerando uma substituição gradual”, complementa.
Rafaella Sene, da Trelleborg, acredita que o maior desafio para as empresas de agora em diante será encontrar meios de aprimorar a matéria-prima. “Dessa maneira, poderemos oferecer aos pneus uma performance maior em termos de durabilidade e aquecimento”.
A matéria-prima é, por sinal, um assunto que gera polêmica entre os fabricantes. O composto intermediário, que oscila com o movimento do pneu, é responsável por amortecer a operação e muitas vezes é preenchido com “scrap”, uma mistura de borracha com poliéster e até mesmo pano. “Com esse atrito entre a borracha e outros componentes, o aquecimento aumenta. O nível de dano nesses pneus acaba sendo maior”, explica Vinícius.
Apesar disso, as empresas seguem planejando expandir e investir no Brasil, país com o segundo índice de investimento das multinacionais, depois da China. A Rodaco fará uma nova ampliação em sua planta, que hoje fabrica de dois mil a três mil pneus por mês. “Fizemos uma ampliação recentemente que não supriu nossa demanda. Com o aumento da planta, pretendemos fabricar cerca de quatro mil pneus por mês”, comenta Paulo. Edson Orsi, da 7744Gumaplastic, conta que a empresa deve abrir uma nova unidade.
“A previsão é de que a fábrica fique pronta até o final do ano”, completa. Já Jorge, da Solideal, conta que ao longo de 2011 a empresa investirá em novas unidades, de modo a melhorar a distribuição e ficar mais próxima de seus clientes.
Na Continental, o ano será de investimento no capital humano e conquista de uma parcela maior do mercado de pneus. A Trelleborg, que adquiriu a Watts mundialmente no final do ano passado, aguarda determinação da sede na Itália para comprar a fábrica do Brasil, que tem a licença da marca. Enquanto não há uma decisão, a empresa prevê 30% de crescimento neste ano.
Tendências
No cenário do mercado de pneus, um dos aspectos que se destacaram entre os fabricantes como tendência foi o crescimento do pneu radial no lugar do diagonal, a exemplo do que aconteceu na indústria automotiva. “Acredito que a longo prazo o diagonal será substituído pelo radial”, afirma Fernando da Tyresfer. Para a Rodaco ainda há um problema para essa mudança acontecer: o preço de importação.
Por vir de fora, esse modelo acaba chegando ao País com um preço muito elevado, dificultando sua comercialização. Mas, com o aumento da demanda, esse custo deve baixar. “Com as máquinas solicitando maior velocidade e capacidade de carga, o radial se torna a melhor solução, por conta de sua alta performance”, acrescenta Rafaella. A Trelleborg, que começou a comercializar esse modelo de pneu em 2009, vendeu três vezes mais do que o esperado no ano passado.
Tipo | Aplicações | Vantagens | Desvantagens |
Superelásticos | • Rotas curtas (até 200 m) • Pisos com risco de perfuração |
• Feitos de borracha natural • Não necessitam de calibragem • Maior resistência a furos e rasgos • Não necessitam de manutenção |
• Necessitam de mão de obra especializada para montagemCushions |
Cushions | • Rotas curtas (até 200 m) • Empilhadeiras contrabalançadas elétricas (altas cargas) |
• Suportam cargas muito pesadas • Não necessitam de calibragem |
• Adequados apenas para baixas velocidadesRadiais |
Radiais | • Médias e longas distâncias (500 a 3.000 m) • Locais com operações mais intensas |
• Resistentes ao aquecimento • Suportam velocidades maiores • Maior durabilidade |
• Necessitam de calibragem • Manutenção constante |
Diagonais | • Médias e longas distâncias (500 a 3.000 m) • Empilhadeiras e veículos de aeroportos |
• Resistência a impactos • Resistência lateral para terrenos severos |
• Necessitam de calibragem • Manutenção constante |