Deu no jornal Valor Econômico de hoje que o consumo de B5 (mistura de 5% de biodiesel* no óleo diesel) representou “30% de todo o volume importado para atender a demanda do País”. Embora o tema seja interessante, a notícia não traz motivos para comemorações, pelo contrário.
Quando estava apurando a reportagem sobre transporte sustentável, publicada na série Sustentabilidade na Logística (outubro de 2010, revista INTRALOGÍSTICA), notei que ainda estamos muito atrasados no quesito transporte limpo de carga. Além da limitação ao modal rodoviário, somos lentos quanto à implementação de energias alternativas e menos poluentes, da mesma forma que a maior parte do empresariado do setor não investe em novas tecnologias.
Para comprovar isso, basta olharmos à medíocre alegria dos motoristas brasileiros que passam a operar com caminhões de câmbio automático, enquanto em outros países, os mesmos profissionais já testam veículos elétricos.
Para onde pretendemos ir acreditando que o combustível mais poluente (e mais consumido) de toda a cadeia logística está reduzindo às emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa) incluindo míseros 5% de biodiesel? É evidente que essa mudança deve ser gradual (e será), mas ao mesmo tempo não pode ser letárgica, como está.
Se os órgãos públicos não bancarem o desafio de tornar nossa cadeia de transporte menos poluente, mais barata e eficiente, inclusive enfrentando os grandes conglomerados de energia e transporte, podemos passar de “a bola da vez”, para “a bola murcha dos emergentes”.
Por outro lado, cadê as grandes transportadoras e os operadores logísticos que não estão investimento em tecnologias verdes? Há pesquisas sumindo nas universidades por falta de recursos. A impressão que dá é que as grandes companhias ficam alí, acomodadas, esperando a dúvida virar certeza, ou seja, uma lei ser criada para que todo mundo possa se mexer.
Espero eu, que essas mesmas empresas informem esse posicionamento aos seus departamentos de marketing, afinal não seria justo encontrar em discursos e slogans a palavra inovação. Porque inovar hoje, é pensar no amanhã e, para isso, precisa-se de 100% de ousadia e não 5%.
*Menos poluente e proveniente de materiais orgânicos, como a cana de açúcar.
*Mauricio Miranda