Reinaldo Moura - Fundador do Grupo IMAMReinaldo Moura - Fundador do Grupo IMAM

Reinaldo Moura - Fundador do Grupo IMAMA questionável desindustrialização
A indústria nacional, que já representou quase 30% do PIB, vem tendo sua participação reduzida ao longo dos últimos anos para apenas 14%

Muitos setores da economia reclamam da onda de importação de produtos, sobretudo da China, impulsionada pela supervalorização do real. A situação é semelhante à vivenciada no País na década de 1990, quando ocorreu a chamada “farra” dos importados. A desculpa é manter a inflação sob controle, algo, porém, impossível de se conseguir por muito tempo.

O setor de máquinas é um dos mais prejudicados com essa política, inclusive os fabricantes nacionais de equipamentos de movimentação e armazenagem. Raros são os sobreviventes.

Apesar de outros setores estarem se beneficiando – lei da oferta e da procura – essa desenfreada importação, aliada à timidez da exportação de bens com valor agregado, coloca o Brasil em situação delicada.

Além desse descompasso, a elevada tributação e a falta de mão de obra qualificada são os principais desafios para a competitividade do País. Para efeito de comparação, na última década o PIB da China cresceu 44%, o da Índia 30% e o Brasil não ultrapassou 20% de crescimento nesse período, ou seja, estamos crescendo, mas outros países crescem mais.

Por um lado, o câmbio atual barateia os produtos brasileiros ao reduzir o preço dos insumos, mas pode favorecer a modernização de nosso parque industrial, já que fica mais barata a importação de máquinas. Mas não estamos aproveitando esse lado da moeda. Não há país desenvolvido sem uma indústria de bens de capital forte; nosso foco deveria ser a produtividade.

O que estamos vivenciando é uma desindustrialização. A valorização do dólar substitui a produção doméstica e acaba provocando um sucateamento da indústria, já que não estamos fazendo investimentos em sua modernização.

Em resumo, o aumento desmedido das importações tem impacto direto sobre o setor produtivo. Agrava o processo de desindustrialização, cujos efeitos reais são sentidos no cotidiano das pessoas em termos de riqueza não produzida. A indústria nacional, que já representou quase 30% do PIB, vem tendo sua participação reduzida ao longo dos últimos anos para apenas 14%.

Houve progressos expressivos na economia brasileira nos últimos anos, como em quesitos da sofisticação do mundo empresarial, desenvolvimento do mercado financeiro, etc. No entanto, continuamos a registrar um desempenho pífio em aspectos cruciais, como infraestrutura logística, tributação, regulamentação governamental, dimensão dos gastos do governo e confiança nos políticos e na Justiça

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