Estava devendo um post sobre end-to-end ou sustentabilidade de ponta a ponta. Então vamos lá.
O projeto criado no ano passado pelo Walmart Brasil tem o objetivo de analisar e reestruturar toda a cadeia de um produto, desde o nascimento do seu conceito até a distribuição, reduzindo ou eliminando serviços, materiais e insumos que agridem direta ou indiretamente o meio ambiente e a sociedade.
Para isso, é preciso reunir todos os integrantes da cadeia, como industria, prestadores de serviços (inclusive os de logística), fornecedores e varejo.
Mas não basta montar o projeto, dizer o que cada um tem que fazer e rezar para que dê certo. É preciso colocar a mão na massa. Realizar reuniões mensais ou quinzenais e estipular metas entre os envolvidos. E essas metas devem resultar em efeitos realmente relevantes para a cadeia.
Também não adianta produzir uma embalagem sustentável que ocupa menos espaço no caminhão de carga e, consequentemente, emite menos CO2, se o produto causa vício em seu consumidor ou prejudica a fertilização do solo. Deve haver um equilíbrio e uma preocupação com o todo.
Outros varejos
Para não falar só do Walmart, vale a pena mostrar projetos similares ao end-to-end que as outras duas maiores varejistas do País, Pão Açúcar e Carrefour, estão desenvolvendo. O que nos leva a crer que o segmento tomou para si o desafio de criar uma cadeia de suprimentos mais sustentável.
O Carrefour desenvolveu o 5Cs (consumidor, colaborador, clima, comunidade e cadeia de distribuição) com metas e ações sustentáveis para cada um dos Cs. E já garantiu que o desenvolvimento sustentável é o condutor de expansão do negócio. Por isso, criou o selo “Garantia de origem Carrefour”, que informa para o consumidor os produtos que seguem o conceito de qualidade e têm responsabilidade socioambiental.
Já o Pão de Açúcar reuniu este mês 19 fornecedores para entregar a eles o prêmio Top Log de melhores políticas e práticas logísticas em 2009. E aproveitou a ocasião para convidar todos os fornecedores presentes (premiados e não premiados) para integrarem a co-construção da cadeia sustentável de valor no varejo. Uma das medidas é a inclusão de temas sustentáveis na avaliação dos premiados Top Log, que já conta com rigorosos itens, como prazo de entrega, redução do valor de distribuição e garantia de produto na gôndola.
Oportunidade para transportadoras
As transportadoras de carga que ainda não abriram os olhos para o efeito dessa mudança estão perdendo uma boa oportunidade. Investir em combustíveis alternativos e menos agressivos ao meio ambiente, oferecer qualidade de vida e cultura para os profissionais, reduzir os riscos de acidentes são itens cada vez mais solicitados pelas empresas contratantes.
Vale a pena procurar especialistas para identificar se esse investimento em sustentabilidade é válido para o seu negócio e qual é o melhor caminho para isso.
*Mauricio Miranda