A logística precisa ser usada a favor do varejista, como estratégia de conversão de vendas.
Apesar de o desafio de entrega ser grande por conta das falhas em infraestrutura e os altos custos envolvidos (19% do faturamento corresponde a custos logísticos, sendo que 60% desses custos correspondem a gastos com transporte), existe sim, uma luz no fim do túnel, de acordo com Pierre Jacquin, Diretor Comercial da Intelipost.
Durante a palestra de Pierre na Conferência E-Commerce Brasil Santa Catarina 2018, ele mostrou algumas dessas estratégias com bastante otimismo. “Existe o lado positivo: três anos atrás os lojistas estavam totalmente dependentes dos Correios, hoje estão surgindo muitas iniciativas inovadoras e novos modelos de entrega (como empresas de lockers) para ajudar a vencer esses desafios”, disse.
Last Mile: não existe frete grátis
A última milha é o ponto crucial para conseguir ser eficiente na entrega. Isso porque, segundo dados citados por Pierre, 28% dos consumidores querem receber no mesmo dia, 48% querem receber em até um dia e muitos deles querem ter controle sobre o processo de entrega (rastreamento). Por isso é fundamental investir em iniciativas de Same Day ou Next Day Delivery, rastreamento de um pedido em tempo real, agendamento de entrega, notificação na última milha, etc.
“Os pequenos e médios estão aumentando a oferta de frete grátis. Mas é importante pensar: por que oferecer o frete grátis e matar o lucro da sua loja? É preciso pensar em qual estratégia você está se apoiando para oferecer este tipo de frete”, explicou. Ele acredita que o frete grátis precisa respeitar, antes de tudo, uma política de frete sustentada em estratégias como região geográfica, aumento de conversão de vendas ou atração de novos clientes. “O frete precisa ser usado como ferramenta de venda, mas cuidado com o custo que você vai ter com isso”, ressaltou Pierre.
Quando o objetivo é aumentar o faturamento, o frete grátis amparado em um ticket médio mínimo acaba forçando o cliente a comprar mais para garantir o seu benefício. “A Koerich, por exemplo achou soluções de entrega focadas na região Sul, locais onde gigantes do e-commerce não conseguem entregar a um preço competitivo”, pontuou. Além do exemplo da Koerich, que apostou em sua força regional para oferecer fretes mais competitivos, Pierre citou outras estratégias de logística, como realizar testes A/B com o valor do frete. “Uma semana você oferece um frete por R$ 22, por exemplo, na outra coloca o frete grátis e veja os resultados e as taxas de conversão. Use a metodologia para chegar a um conclusão sobre a sua política do frete”, explicou Pierre.
Mas como escolher uma transportadora que atenda às necessidades específicas?
Escolher uma transportadora pode ser um grande dilema no e-commerce (existem centenas de opções). Para Pierre, comece eliminando transportadoras sem tecnologia, que não te forneçam informações de rastreamento, por exemplo. Outra dica é escolher transportadoras locais (Floripa Express, Pot Speed, no caso de Santa Catarina, por exemplo) para estratégias regionais, transportadoras nacionais com foco em B2C (Direct, Jadlog, Correios, Total), frete aéreo expresso (Gollog, Azul cargo), ou outras transportadoras se o seu modelo for o B2B (Jamef, Braspress).
A ideia é sempre escolher o parceiro que possua as soluções em logística mais inteligentes ou com mais facilidade de integração dentro da sua estratégia. “Explore a possibilidade de mutualização de carga via polos – como os têxteis, autopeças, madeireiro, etc – ou via cidades como Blumenau, Florianópolis ou Joinville”, complementou. Ao se “juntar com seu vizinho”, os benefícios são muitos, cita Pierre. “Você aumenta seu volume para justificar a coleta da transportadora, consegue ganhar coletas diárias e ter horários de corte definido, ganha em prazo de entrega e custos”, finalizou.