Há muito o que aprender no Japão pós-crise de 2008 e dos recalls da Toyota
Entre os dias 8 e 21 de outubro, um grupo de executivos brasileiros viajou para o Japão com um único objetivo: “aprender”! E é esse ob-jetivo que resume a jornada de 39 missões de estudos realizadas no Japão que o Instituto IMAM vem fazendo ao • Entender como um país com uma história e situação pós-guerra se tornou uma das maiores potências econômicas do mundo; • Compreender como um país com uma proporção de espaço 23 vezes menor que o Brasil e uma população de 120 milhões de pessoas consegue manter uma disciplina invejável; • Verificar, na prática, a aplicação das técnicas japonesas; • Entender como a cultura de um povo interfere nas empresas. Visitas ao chão de fábrica Com muitas perguntas e a imensa vontade de buscar novos conhecimentos, o grupo iniciou as visitas técnicas, que compreenderam desde empresas com tecnologia de ponta até outras com equipamentos antigos, porém altamente eficientes. A partir daqui, acompanhe o depoimento do supervisor de com-petitividade da CBC, Marcos Manoel Lopes Junior, um dos participantes da viagem: Diário da viagem Nossa jornada do aprender come-çou pela Panasonic, com seu modelo tecnológico e futurista que nos mos-trou a velocidade com que as ino-vações e as integrações tecnológicas estão acontecendo no nosso dia a dia. Panasonic Uma política ambiental sustenta as ações e o desenvolvimento da Pana-sonic, que desenvolve uma tecnologia para lançar um produto que deve apre-sentar rendimento melhor nos itens re-síduos gerados e consumo de energia. Daiwa House A Daiwa House é uma empre-sa que constrói casas pré-montadas para ser erguidas em apenas um dia, considerando que em cada casa da marca estão presentes cerca de 300 a 400 mil componentes, dependendo do modelo escolhido pelo cliente. A empresa atualmente tem 60 colaboradores efetivos em postos de liderança e engenharia. Os demais, que trabalham nas áreas produtivas, são terceirizados e especializados em diversas funções. Sharp No Sharp Technology Center (show-room da empresa) conhecemos um pouco de sua história e de como seu fun-dador, Tokuji Hayakawa, iniciou suas invenções, como a fivela serrilhada para cintos, que é utilizada até os dias de hoje, as lapiseiras e suas inovações pos-teriores relacionadas ao rádio, à televi-são, à calculadora, à bateria solar, entre outras inúmeras. A Sharp sempre esteve na constante busca por inovações, fato que a tornou uma referência no mercado tecnológico. Toyota Na Toyota Motors a expectativa era enorme, e pudemos comprovar na prática o TPS (“Toyota Production System”, Sistema Toyota de Produção). Ele estava realmente aplicado e com uma susten-tabilidade invejável. Toyoda Gosei Já a Toyoda Gosei Logistic, empre-sa responsável por realizar o abastecimento de componentes utilizados pela Toyota, opera com um sistema puramente manual de kanban e tem uma organização e um sistema de gerencia-mento dos estoques no estilo japonês.
28 minutos tan-to para expedição quanto para as solicitações de produtos aos fornecedores. Mazak A Mazak impressionou a todos com seu excelente programa “5S”, que é notório ao visitar a planta. Além disso, a tecnologia de seus equipamentos e suas aplicações traduzem o potencial de seus produtos. Ela é classificada como “fábrica de máquinas operatrizes”, concei-to que denomina que os equipamentos por ela fabricados são utilizados para fabricar outros equipamentos. Makita Para entender como uma empresa se mantém sólida em um mercado compe-titivo, visitamos a Makita, que atua no segmento de ferramentas manuais profissionais e tem uma concorrência mundial bastante significativa. Lá verificamos a aplicação de diversas técnicas japone-sas, porém seu diferencial está nas suas células de montagem, que são altamen-te eficientes com um ritmo de produção bastante acelerado e bem definido. Denso Ao entrar na Denso Gallery já per-cebemos o que iríamos encontrar na vi-sita à fábrica: mais uma vez um “show” tecnológico integrado por um sistema eficiente de produção. E não foi dife-rente: dentro da fábrica estão presentes 23 AGVs que, a todo momento, estão movendo componentes para as células de montagem, que operam em um ritmo acelerado produzindo painéis de instrumentação com alta tecnologia. É feita uma inspeção em 100% dos itens produzidos, garantindo assim a quali-dade do produto final. Rumo a Tóquio No sábado pela manhã, antes de dei-xar a cidade de Nagoya rumo a Tóquio pelo trem-bala, visitamos o Museu do Grupo Toyota, na região central. O local foi a primeira tecelagem que deu origem mais tarde aos famosos teares Toyoda (com “d”) e que depois transformou-se numa “escola”, pois lá encontram-se fundição, forjaria, estamparia e usina-gem, todas as áreas tanto com velhos como novíssimos equipamentos. Tam-bém está exposta a evolução de todos os principais modelos de automóveis. Muratec Na Muratec, outra empresa do seg-mento de máquinas operatrizes, pode-se analisar as questões que muitas ve-zes são dúvidas e incertezas para nós, ocidentais, como: “automatizar ou não algumas técnicas japonesas, como o sequenciamento e o kanban?”. Na Mura-tec verificamos que essa automação é extremamente viável quando o sistema já está bastante amadurecido. SMC A SMC mostrouse uma referência na aplicação de algumas técnicas japonesas e na organização de seus processos. Com mais de 520 mil produtos, a SMC possibilita ao cliente a entrega de componentes em apenas um dia, se estes estiverem entre os 11 mil produtos padronizados da empresa ou em até cinco dias, se for um item especial com componentes em kanban. Esse é o diferencial competitivo da empresa que a faz obter cerca de 60% do “market share” no Japão e em torno de 30% do mercado mundial.
on line os pedidos dosclientes, que são agrupados de acordo com os produtos e direcionados às células para serem produzidos através de um sistema de cores que trata apenas do “today” (hoje) e do “tomorrow” (amanhã). Aprendemos com a SMC que talvez nós, ocidentais, tenhamos certa tendência de querer complicar as coisas por não gostar do simples. Komatsu A Komatsu tem um complexo parque de fabricação de máquinas para construção e mineração na região de Osaka, já visitado pelas missões do IMAM em outros anos. Porém, nesta edição, visitamos outra fábrica, a de empilhadeiras e rebocadores, denominada Komatsu Utility (veja reportagem na Revista INTRALOGÍSTICA edição 243, de dezembro de 2010). A empresa tem um modelo de produção baseado em linhas de montagem e podese verificar um forte senso de desenvolvimento de produtos focado nas necessidades dos clientes e visando à sustentabilidade ambiental. Ricoh A Ricoh é uma empresa do seg-mento de equipamentos para impres-são que chama a atenção pelos tra-balhos e esforços dispensados para a constante melhoria da qualidade de seus produtos. Um forte aliado para esse objetivo é o sistema de produção desenvolvido internamente: a em-presa monta suas copiadoras com o conceito de linha de montagem, inte-grando algumas células de manufatu-ra dentro da linha para possibilitar a montagem de subkits. Bridgestone Para finalizar o programa visita-mos a Bridgestone, que nos mostrou um sistema robusto e ambiental para produção de pneus que atenda as constantes mudanças e necessidades do mercado. A empresa tem um pro-grama invejável de sustentabilidade ambiental, sendo toda a sua energia gerada através de fotocélulas ou gás natural, diminuindo assim a emissão de CO2 no ambiente. Nessa fábrica são produzidos pneus para automóveis (inclusive Fórmula 1) e aviões Imagine uma fábrica de pneus, que emprega muitos materiais em forma de pó, como enxofre, sílica e negro de fumo, todos que podem sujar o am-biente. Mas o que se viu nas instala-ções da Bridgestone foi uma empresa limpa, sem poeira e bem organizada, tudo nos padrões “5S”. O que aprendemos A Missão de Estudos no Japão não nos traz apenas aprendizados tangí-veis, mas também pessoais e culturais. |