Um condomínio industrial e logístico localizado entre as cidades de Atibaia e Jarinu (SP), a 70 km da capital paulista, está atraindo atenção de fabricantes de diversos setores, principalmente o de autopeças:
com mais de 10 milhões de metros quadrados de terreno à disposição, em um raio de até doze quilômetros da rodovia Dom Pedro I, o local tem atraído empresas que resolveram mudar da espremida São Paulo e migrar para novos ares, em busca de modernização aliada à redução de custo e infraestrutura completa. O Brazilian Business Park ou apenas BBP começou a ser instalado no local no ano 2000 e já abriga mais de 40 empresas, das quais 40% são fabricantes de autopeças. Destas, a maior parte, 80%, são provenientes do ABC Paulista, enquanto as demais são de cidades como Diadema, Guarulhos e Osasco, na Grande São Paulo.
Para o diretor de operações da BBP, Robson Alves, o complexo está se tornando o novo hub industrial e logístico do estado. “A empresa já nasceu com a filosofia de oferecer não só soluções imobiliárias, mas complementar com todos os serviços necessários para que as empresas se preocupem apenas com seu core business”, afirma.
Até o momento, foram investidos R$ 800 milhões, incluindo a compra dos terrenos e a construção dos complexos. O executivo explica que o BBP fornece uma infraestrutura completa que abrange todos os serviços necessários para o funcionamento dos quatro condomínios que estão em operação. Eles são realizados por empresas parceiras do negócio nas áreas de energia elétrica, telecomunicações, segurança eletrônica, gestão patrimonial, RH corporativo e alimentação, entre outros. A BBP é a responsável pela gestão de todos os condomínios, onde estão localizados os galpões necessários para que as empresas se aloquem, além de também auxiliar as empresas em toda a gestão de locação, dando suporte às várias etapas do processo de mudança.
Entre as empresas de autopeças que já operam em Atibaia e Jarinu, estão fabricantes de para-choques, ar-condicionado para veículos, filtros automotivos, equipamentos eletrônicos incluindo os destinados a motores, sistemas de vidros elétricos, bombas de combustível, parafusos para carros, conectores e uma fornecedora da área de óleos lubrificantes e combustíveis.
Segundo Alves, o BBP é extremamente estratégico em termos logísticos, incluindo as atividades de importação e exportação: está localizando entre os trechos de maior movimento de mercadorias, considerando os maiores mercados consumidores do Brasil, que inclui São Paulo, Campinas, a região do Vale do Paraíba até a divisa do Rio de Janeiro, além da região do sul de Minas e Belo Horizonte. “Por aqui temos fácil acesso que nos conectam com as principais rodovias, como a Anhanguera, Bandeirantes, Fernão Dias, Carvalho Pinto, Presidente Dutra e o Rodoanel. Além disso, estamos muito próximos dos aeroportos de Guarulhos e Viracopos, além dos Portos de Santos e de São Sebastião”.
Ele acrescenta que o local também é estratégico para as fabricantes que precisavam modernizar suas fábricas, mas que não tinham mais espaço físico para isso. Do total de empresas que operam no local, 17 migraram totalmente, ou seja, a antiga foi fechada para que a nova pudesse iniciar suas atividades.
Alves garante que a mudança tornou as empresas mais competitivas. “O ABC Paulista foi o primeiro polo automotivo do Brasil: grande parte das empresas instaladas ali tem fábricas com mais de 40, 50 anos, que já não comportam mais espaço para modernizações: se tornaram obsoletas, não têm possibilidade de expansão. Além disso, ainda há outros problemas: os planos diretores dessas regiões mudaram, as fábricas não conseguem mais atender leis ambientais; há problemas com mão de obra cara e outras questões com sindicatos. Vai se tornando uma empresa menos competitiva e neste caso só há duas opções: ou se renova ou quebra”, pondera. “As que decidem renovar, buscam benefícios, como logística e infraestrutura adequadas. Sem se preocupar com tantos custos operacionais, que são compartilhados dentro do condomínio, a empresa se volta totalmente para o seu negócio, com uma planta nova e eficiente, elevando sua capacidade competitiva, tendo condições inclusive de concorrer em novos contratos”, completa.
A BBP também auxilia as empresas com o processo de venda de ativos antigos, incluindo galpões e terrenos, a fim de gerar capital para que possa ser aplicado na mudança e na modernização de seu maquinário. “Se lá atrás, o foco das fabricantes era em ativos imobiliários, porque era necessário na época ter um local próprio, hoje esse conceito já mudou. Inclusive algumas empresas do setor automotivo que vêm de fora, como as que têm sede na Europa e Estados Unidos, já trabalham com essa concepção de que o foco hoje é a operação: se algo der errado, ela se muda sem grandes problemas, porque atualmente se procura por mobilidade, não querem mais estar presas ao local”, afirma.
Para Alves, o setor automotivo é um dos mais dinâmicos da economia e está vivendo um novo momento no Brasil. Com a expectativa de PIB positivo para o ano que vem, aliada ao controle da inflação e baixa dos juros, o executivo acredita que o setor tem tudo para voltar a crescer de forma robusta. “Porque ela já está preparada para isso, tem uma mão de obra forte e uma base instalada forte e com isso essa migração de empresas para este novo hub automotivo só vai se ampliar. Algumas montadoras também fizeram esse movimento de sair da rota do ABC Paulista e migrar para o interior, como Toyota, Honda e Mercedes-Benz. Com isso, as fornecedoras ficam mais próximas delas, ao mesmo tempo em que não estão tão longe das fábricas que ainda permanecem no ABC”.
Para o futuro, Alves revela que a BBP já prepara um plano de expansão visando os próximos 10 anos, com expectativa de superar os 2 milhões de metros quadrados de área construída – atualmente são pouco mais de 1,16 milhão de metros quadrados, além da compra de novos terrenos. Também será investido em novas estruturas de serviços e de tecnologias, como geração de energia solar. “Não tenho a menor dúvida de que este será um dos principais centros logísticos de São Paulo”, conclui.