Conosco ninguém pode. A reboque da malha viária em petição de miséria, o custo logístico incide em 12,37% sobre o faturamento líquido das indústrias brasileiras, mediu antes da greve dos caminhoneiros a Fundação Dom Cabral, arrematando tratar-se do dispêndio mais caro do mundo no gênero.
Este fator de perda de competividade traduz para Mauro Kernkraut e Elias Lima, principais controladores da Port Roll Locação de Bens Móveis, uma oportunidade de mão cheia a bordo de uma mudança de hábitos no transporte de bobinas de filmes: a adesão à patenteada embalagem reutilizável da empresa, com consequente escanteio dos descartáveis de madeira, tipo paletes e separadores. Como toda catequese digna do nome, a mudança não acontece da noite para o dia, mas os ganhos nos bastidores da logística tornam a sacada da Port Roll um respiradouro para transformadores de flexíveis, confiam os dois empreendedores.
O sistema Port Roll começou a ser gestado em 1994, os processos de patentes tomaram vulto em 1998 e, para sumarizar a linha do tempo, o mix, modelo de negócio e sistema operacional foram delimitados em 2010 e, dois anos depois, pintou o primeiro contrato comercial. “Os últimos três anos foram dedicados a introduzir a solução na praça”, comenta Kernkraut. Daqui por diante, fica patente que a sorte do negócio resultará da sua gradativa aprovação no mercado combinada com obsessão dos clientes por decepar custos, sob pressão da recessão rediviva e do encarecimento das resinas no rabo de foguete da disparada do petróleo e dólar. Com fábrica em Guarulhos, Grande São Paulo, a Port Roll tem como atender o desenvolvimento do mercado, afiança Lima. “Uma vez que as embalagens são alugadas, nosso parque aumenta a cada novo cliente dessa solução para suas bobinas”, argumenta o dirigente, arisco a soltar números e pormenores do processo. Ele abre exceção para confirmar que a paranaense PLM, do legendário transformador Jacques Siekierski, fornece as placas termoformadas do sistema montado em Guarulhos. Entre os clientes conquistados, figura a convertedora paulista de laminados Converplast.
“A nossa solução dispensa o emprego de paletes, pois as bobinas ficam suspensas por duas placas de polipropileno (PP), cada uma com 10 quilos, e quatro barrotes metálicos”, descreve Kernkraut. “Permitem a estocagem e manuseio pelos quatro lados, protegendo as bobinas e ampliando a eficiência logística”. No caso dos paletes de PP ou polietileno de alta densidade, emenda o empresário, “seu uso seria praticamente impossível por causa da grande variedade de dimensões necessárias e daí a fabricação customizada das diversas medidas no trabalho com paletes de madeira, cujo uso aliás tem sido posto em ocaso por regulamentações como a do palete padrão brasileiro intercambiável (PBR)”.
A Port Roll reza pelo breviário da logística integrada. Ou seja, expõem Lima e Kernkraut se incumbe da entrega, coleta, higienização e controle das suas embalagens durante a utilização (inclusa logística reversa), ou então, opera pelo chamado modelo de locação simples. Em suma, quando a realização da logística corre por conta do cliente. Os dois sócios ressaltam, a propósito, a disposição de investir em ferramentas de TI para monitorar o emprego de suas embalagens ao longo da cadeia logística.
Descartáveis convencionais para transporte e estocagem englobam paletes, separadores e barrotes de madeira, batoques plásticos, parafusos, travas metálicas, cinta de arquear, filme stretch e perfis de metal ou plástico, alinha Kernkraut. “O sistema de embalamento da Port Roll exige apenas placas termoformadas, barrotes metálicos, saco plástico e cinta de arquear”, ele confronta. Na esfera dos índices de perdas, ele atesta, os paletes de madeira sofrem muito com os esforços a que são submetidos durante o transporte das bobinas suspensas. “Daí resultam avarias como a quebra dos paletes ou dos separadores, além da queda da bobina e consequentes danos como choque lateral, blocagem (em especial em materiais metalizados) e amassamento do tubete”, aponta o dirigente. Em contraponto, frisa, mesmo quando recebe um impacto forte a ponto de pressupor estragos, a bobina embalada pela Port Roll permanece intacta. “Seus tempos de carga e descarga equivalem aos dos paletes, mas o acondicionamento da bobina na embalagem e sua retirada transcorrem bem mais rápido com a nossa tecnologia”.
Lima e Kernkraut sustentam que os custos unitários de uso de suas embalagens são inferiores aos dos descartáveis de madeira. A logística reversa, eles distinguem, é o fator determinante do número mínimo de bobinas para validar o emprego do sistema Port Roll. “Não vale a pena executar a logística reversa para uma quantidade muito pequena de bobinas”, ponderam os dois sócios. “Em geral, nosso negócio é compatível com indústrias que utilizam mais de 20 bobinas por mês”.
Fonte: http://plasticosemrevista.com.br/a-logica-da-logistica/