Enquanto inúmeras pesquisas mostram que os desafios da Gestão da Cadeia de Suprimentos estão relacionados à otimização, compartilhamento, sincronia, integração, transparência…
que, em teoria, poderíamos definir como sendo ideais da SCM, por outro lado, vemos ações antagônicas, nem sempre alinhadas às melhores práticas e que se justificam em nome da estratégia dos negócios.
São inúmeros paradoxos na Gestão da Cadeia de Suprimentos e não existe o certo ou errado, mas sim o que é o mais adequado para cada organização, naquele momento, na visão dos seus principais executivos.
Embora este quadro de paradoxos já está relativamente resolvido em grandes empresas, que praticamente determinam as estratégias e políticas de gestão em praticamente toda a Cadeia de Suprimentos, existem milhares de empresas pelo Brasil, absolutamente desalinhadas com os interesses de toda a cadeia. Em alguns casos isso se dá por simples falta de competência em gestão, em outros, isso se deve a conflito de interesses ou ainda por questões estratégicas de sobrevivência/crescimento. Enfim, são inúmeras situações que levam as organizações a não adotarem aquilo que se considera: “melhores práticas”.
E sua empresa? Está vivenciando algum desses paradoxos neste momento? Tudo está bem equacionado? Seus fornecedores e clientes se alinham às estratégias de forma natural e sem conflitos?
A partir da análise da Cadeia de Suprimentos em centenas de empresas de grande, médio e pequeno porte, no Brasil e América Latina, o Instituto IMAM observou situações de conflito de interesses que dificultam a aplicação das melhores práticas.
7 “Cases” Reais
1º. Transparência vs. Sigilo: um determinado fornecedor destaca… “eu não vou abrir meus processos e meus custos de produção para os meus clientes, pois essa é a minha estratégia e é justamente daí que eu retiro minha alta margem de contribuição a fim de manter o meu negócio. Se eu abrir e for transparente com meu cliente, no dia seguinte ele desenvolverá outro fornecedor, pagando metade do preço. Assim, vou desta forma até onde puder…”.
2º. Parceria vs. Concorrência: um gerente de uma empresa concorrente, falando com o outro… “é impressionante ver que é possível realizar com elevada eficiência uma operação logística única para a distribuição de nossos produtos”.
3º. Operação Própria vs. Terceirizada: palavras de um entregador, da empresa terceirizada, durante uma seção prática de treinamento operacional… “hoje, durante uma entrega, eu largo o produto na calçada e o cliente e ele que se vira, pois recebemos a metade do que recebíamos no passado para realizar o mesmo serviço…”.
4º. Foco Sistêmico vs. Ótimos Locais: palavras de um gerente de centro de distribuição… “nossa operação aumentou a produtividade operacional em 20% após a implementação da nova política de entregas para as lojas da rede” e as palavras do gerente de uma determinada loja, após a implementação da nova política… “como eu podia pedir 2 vezes por semana e agora posso pedir apenas 1 vez, faço pedidos maiores que a necessidade para não correr o risco de perder venda…”.
5º. Segurança vs. Produtividade: palavras de um motorista de caminhão, durante uma entrega, enquanto rearranja a carga no meio da rua… “antes o pessoal do CD preparava a carga de acordo com a sequência de entregas, mas agora mudou e os itens em maior quantidade ficam embaixo e eu tenho que rearranjar toda hora aqui no meio da rua…”.
6º. Investir no Valor vs. Cortar Custos: um diretor de uma empresa com foco no cliente, solicitando um projeto… “a manutenção de nossa operação no Brasil se dará apenas se conseguirmos reduzir 30% de nossos custos operacionais nos próximos 3 meses…”.
7º. Redução de Estoques vs. Aumento do Mix: A estratégia corporativa da empresa é apresentada para a equipe de Supply, sem uma clara análise de riscos… “Vamos aumentar em 40% o mix de produtos oferecidos e descentralizar nossos estoques para estarmos mais perto dos clientes, mas temos que continuar com os esforços de reduzir significativamente os nossos níveis de estoque para manter em 100% nosso nível de serviço…”.
Enfim, na gestão da Cadeia de Suprimentos, existem muitos fundamentos que são bases para um cenário de excelência, mas que nem sempre se alinham com a realidade, tais como:
- O tradicional “efeito chicote”, facilmente compreendido pelos profissionais de logística, mas que demanda uma transparência de informações que nem sempre se viabiliza na realidade;
- A teoria da agregação, mostra estatisticamente que a redução da variabilidade, por exemplo: da demanda, nos ajuda a operar de forma mais enxuta, o que nem sempre se mostra viável (idem com transporte, armazenagem etc.);
- Os conceitos de distâncias médias e momento de transporte que, embora decisivos para elaboração de malhas logísticas, são apenas mais um componente de uma equação, onde o aspecto tributário pode prevalecer;
- A tecnologia que nos auxilia na automação de operações e nos faz aumentar a qualidade e produtividade, mas que pode nos fazer reféns de custos de manutenção que superam os ganhos obtidos.
Bem-vindo ao mundo da Supply Chain e é justamente essa dinâmica e as diferentes decisões que se pode tomar em busca da excelência que motiva milhares de profissionais a encarar os desafios impostos pela SCM.
Por Instituto IMAM