Criados para fins militares, os drones — veículos aéreos não-tripulados (Vants) — aos poucos vão sendo usados no transporte rodoviário de cargas e em seguradoras, que pretendem utilizá-los para combater o roubo de carga e auxiliar no resgate em acidentes em estradas.
“Os drones são amplamente utilizados na construção civil e começam a ser uma ferramenta extremamente eficiente no transporte rodoviário de cargas e que talvez represente um marco para os próximos anos. O equipamento pode monitorar e filmar toda a ação criminosa, possibilitando que a empresa acione suas equipes de segurança e a polícia. Acreditamos que muito em breve nossas transportadoras paranaenses e empresas de segurança vão começar a utilizar a tecnologia amplamente”, diz Marcos Battistella, presidente do Setcepar.
A novidade é mais do que bem-vinda. De acordo com dados da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), os roubos de carga custaram, entre 2011 e 2016, cerca de R$ 6,1 bilhões à economia brasileira. Um caminhão é roubado a cada 23 minutos em todo o território nacional. São perdas que equivalem a R$ 3,9 milhões por dia.
Até o início de maio, quando a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) regulamentou do equipamento, foram autorizados cerca de 400 voos de drones no Brasil, todos ainda em fase experimental. Mais de 8 mil equipamentos foram cadastrados no site da agência. O cadastro passou a ser obrigatório para drones com peso acima de 250 gramas. A instituição das regras também contribuirá para promover o desenvolvimento sustentável e seguro para o setor.
Experiência
A concessionária Arteris, que administra rodovias do PR, SC, SP, MG e RJ usa drones há um ano para inspecionar obras. Um dos equipamentos auxilia no monitoramento das frentes de trabalho do Contorno de Florianópolis, extensão de 50 quilômetros da BR-101 que liga Garuva a Palhoça, na região metropolitana da capital catarinense. Em outra concessão, no trecho da BR-116, que vai de Curitiba a Capão Alto, na divisa com o Rio Grande do Sul, o drone está sendo usado também para fiscalizar acessos irregulares à rodovia e monitorar pontos críticos de acidentes.
A fabricante de drones Horus Aeronaves, de Santa Catarina, percebeu o efeito direto sobre suas encomendas após a publicação das regras: houve aumento de 15% nos pedidos e de 25% nas solicitações de orçamento, segundo seu presidente, Fabrício Hertz. A empresa fabrica drones de 1,2 quilo a 3 quilos. Os equipamentos são feitos à base de fibra de carbono, numa produção praticamente artesanal.