Parece que o buzz em torno da transformação digital veio e passou, e agora outros assuntos tão relevantes quanto esse, como Blockchain e inteligência artificial, ganham o noticiário.
No entanto, a transformação digital não perdeu a relevância, mas precisamos analisar o andamento e maturidade dessa tal ‘transformação’ no Supply Chain brasileiro. A verdade é que a maioria das empresas se deu conta que ela não é como um interruptor, que basta apertar, se conectar automaticamente e compartilhar os dados de negócios, fornecedores, parceiros comerciais, e de tudo o que está acontecendo no supply chain físico.
A verdade é que o Brasil é um País rico e com ampla extensão territorial, por outro lado, essa riqueza traz inúmeros desafios e burocracias para o setor de Supply Chain, como a quantidade de documentos necessários para a liberação e transporte de uma mercadoria via terrestre, marítimo ou até mesmo aéreo. A visibilidade completa da cadeia de suprimentos é um sonho possível, mas que requer organização e mudanças graduais nos processos internos para garantir, ao menos, mais eficiência e otimização do tempo – e esses, acreditem, são os melhores ativos para as empresas do setor.
A palavra transformação na língua portuguesa significa “qualquer tipo de alteração que modifica ou dá uma nova forma a algo”. No entanto, quando falamos em transportes, logística, ou qualquer outro setor que lide com as burocracias ‘naturais’ da Cadeia de Suprimentos, as mudanças acontecem aos poucos e a tal ‘transformação digital’, em algumas empresas, pode demorar mais que em outras. Por isso, a melhor forma de descrever esse movimento de adoção gradual de tecnologias que as empresas brasileiras estão passando seria chamando de ‘evolução digital’. Ou seja, um processo natural que está em andamento, não uma mudança instantânea que transforma, do dia para a noite, a forma de trabalhar.
Claro que o setor está se transformando e investindo, aos poucos, em tecnologias. E essa é uma necessidade desse século, e, principalmente, dessa década. Uma prova disso é uma pesquisa da BMC, que afirma que 73% dos decisores de TI acreditam que a automação de processos operacionais será uma demanda obrigatória esse ano. E, as empresas que não focarem em tornar os negócios mais digitais nos próximos cinco anos não sobreviverão nos próximos dez.
Há décadas, a área de Supply Chain tem incluído diferentes tipos de inovações para melhorar seus processos. No passado, era o EDI e código de barras, e nos últimos anos surgiram as mais avançadas tecnologias que incluem robótica e/ou Internet das Coisas. Mesmo com a natural dificuldade de conectar essas tecnologias às quatro paredes das organizações físicas – o que veremos em 2018 é uma tempestade perfeita de busca de conectividade e poder computacional na nuvem – o que pode implicar em um grande avanço para os negócios das cadeias de suprimento.
Mais digitalização ou melhor visibilidade?
O valor da conectividade digital está em permitir que as empresas enxerguem ‘no escuro’, e essa possibilidade de ver e medir é um dos desafios que o setor de Supply Chain enfrenta globalmente. A claridade nesse processo é essencial para responder a perguntas simples, como data de chegada de uma mercadoria, dia do pagamento de fornecedores, entre outras. Os problemas dentro do Supply Chain com a falta de visibilidade é que quebrar silos organizacionais se torna muito difícil. Com isso, há a dificuldade natural em conectar fornecedores e negócios para entender a demanda, ter respostas rápidas sobre riscos, imprevistos e disrupções, e, por fim, orquestrar partes móveis de toda cadeia de suprimentos.
Embora muito se fale na transformação digital, nós estamos na fase de reconhecimento do seu poder transformacional e o que já podemos perceber é que os efeitos dessa mudança são significativos para os negócios. No entanto, existe uma longa jornada pela frente, que começa com a conectividade dentro das empresas e a compreensão que há estágios de maturidade dentro do Supply Chain, que são atingidos conforme a evolução e maturidade na adoção das tecnologias. Mas, a boa notícia é que como vivemos em um mundo bem distribuído e conectado, os softwares de gestão que usamos refletem essa realidade e estão prontos e esperando a hora de poder mudar a chave da evolução para a transformação digital.
Por Gabriel Lobitsky diretor de vendas da Infor para Brasil e Sul da América Latina