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Fornecedores de softwares para o setor logístico discutem as tendências e novidades do setor, dando ênfase à “clouding computing”

Atualmente, com o desenvolvimento acelerado da tecnologia, nenhum setor da economia quer ficar para trás. com a logística não seria diferente. cada vez mais pequenas e médias empresas estão procurando soluções de ti para otimizar seus processos. e a novidade da vez é o conceito de “clouding computing”. A revista intraLOGÍSTICA organizou uma mesa redonda com os fornecedores e distribuidores de softwares para a logística na qual esses temas foram debatidos.

Clouding computing
“cloud computing”, que em tradução livre significa “computação nas nuvens”, como ficou conhecido em 2008, mas tudo indica que ainda ouviremos esse termo por um bom tempo. o conceito começou a ser elaborado em meados de 1960, quando o cientista da computação John mccarthy mencionou “que um dia a computação seria organizada como um serviço de utilidade pública, tal qual água, energia elétrica…”. inicialmente somente as grandes empresas, com um grande volume de recursos financeiros, poderiam efetuar os investimentos necessários para criar uma infraestrutura que permitisse a aplicação do conceito de “clouding computing”, o termo refere-se, essencialmente, à disponibilização através da internet de diversos aplicativos e sistemas que rodam em um servidor e podem ser acessados por diversos usuários ao mesmo tempo, sem que eles tenham esses softwares, programas e aplicativos instalados em suas máquinas.

A evolução constante da tecnologia computacional e das telecomunicações está fazendo com que o acesso à internet se torne cada vez mais amplo. em países mais desenvolvidos, como Japão, Alemanha e Estados Unidos, é possível ter acesso rápido à internet pagando-se muito pouco. Esse cenário cria a situação perfeita para a popularização da “cloud computing”, embora esse conceito já esteja se tornando conhecido no mundo todo, inclusive no Brasil.“essa tendência chegará muito rápido aqui, pois eu percebo uma diferença cultural muito forte no Brasil comparada ao que conheço na Europa. aqui a resistência de externalizar o seu sistema, seus dados vai ser muito menor do que foi lá”, diz o diretor geral da Generix, Nicolas Ramaux. com a “cloud computing”, muitos aplicativos, assim como arquivos e outros dados relacionados, não precisam mais estar instalados ou armazenados no computador do usuário ou em um servidor próximo. esse conteúdo passa a ficar disponível nas “nuvens”, isto é, na internet. ao fornecedor da aplicação cabe todas as tarefas de desenvolvimento, armazenamento, manutenção, atualização, backup, escalonamento, etc. o usuário não precisa se preocupar com nada disso, apenas com acessar e utilizar. Com os avanços da tecnologia, da internet em banda larga e da Web 2.0, o “clouding computing” tornou-se finalmente acessível ao público em geral através do modelo de negócios SaaS (“software as a service”), no qual o usuário não precisa efetuar todos os investimentos em infra-estrutura, mas pode alugar ou pagar pelo uso efetivo dos softwares.

A “clouding computing” possibilitou o acesso de uma série de pequenas e médias empresas a tecnologias, antes somente acessíveis para grandes multinacionais, desta forma tornando-as muito mais competitivas e alavancando-as a novas possibilidades e capacidades.“eu tenho observado que há uma menor resistência das pequenas e médias empresas em partir para esse modelo. num passado recente, elas tinham essa preocupação: ‘meu dados, minhas informações vão estar vulneráveis, acessíveis’. Hoje eu já não vejo mais isso e sim vejo como uma oportunidade de negócio”, afirma Oswaldo Procópio, arquiteto líder de segmento de distribuição e logística da Totvs.

Cada vez mais as informações estarão disponíveis, e um maior número de pessoas terá acesso a elas, graças à disponibilização de muitos serviços on line, a maioria gratuitamente, o que deve baratear o preço dos computadores, inclusive aumentando a presença de pequenas empresas e fornecedores de serviços na web.

“Este mercado já é uma realidade e está em franco crescimento. Segundo o IDC (international data corporation), os serviços de ‘cloud computing’ movimentaram US$ 21,5 bi em 2010, e esse valor deve crescer para US$ 72,9 bi em 2015”, afirma Hélcio Fernando Lenz, presidente da Otimis.

Aplicação na logística
dentro do setor logístico, o “clouding computing” começou quando os fornecedores desenvolveram o SaaS (“software as a service”). normalmente vende-se a licença para um cliente utilizar o software, porém com esse novo método o fornecedor responsabiliza-se por toda a estrutura necessária para a disponibilização do sistema (servidores, conectividade, cuidados com segurança da informação) e o cliente utiliza o software via internet, pagando um valor recorrente pelo uso.“nós vimos a oportunidade de oferecer produtos no modelo SaaS e estamos indo muito bem nesse sentido. |Nossos clientes estão sendo muito receptivos e aos poucos essa modalidade está se popularizando”, afirma eveli morasco, diretor técnico da Sythex.

“Historicamente as empresas de pequeno e médio porte mostraram rejeição à ideia de ter suas informações armazenadas em qualquer local fora de suas instalações, segundo Rafael Rojas, diretor comercial da Target, a questão fiscal era a principal causa dessa rejeição. “com a obrigatoriedade da nota fiscal eletrônica, esse paradigma de décadas foi quebrado em poucos meses. com isso, uma enorme oportunidade se abriu para que o SaaS possa ocupar um espaço maior no mercado, oferecendo uma atraente redução nos custos de aquisição e manutenção de equipamentos, além da compra tradicional de licenças de software”, afirma ele.o WmS da HighJump foi pioneiro nessa área, e já há alguns anos esta opção está disponível para os clientes da Otimis. Um exemplo é a Moosejaw, varejista de artigos para aventuras outdoor. A empresa precisava implantar um WmS muito rapidamente, antes do início do seu período de pico sazonal de vendas. implantou o HighJump® WmS in the cloud™ em algumas semanas, e já reporta ganhos de eficiência de 20%.

“A implantação não poderia ter sido tão rápida se não fosse na nuvem, pois nesse modelo o cliente não precisou se preocupar com aquisição e instalação de servidores, sistemas operacionais, banco de dados, etc”, explica Hélcio.

Outro exemplo é a Goettler distributing, que utiliza o HighJump® routecenter on demand™, uma solução de dSd (direct Store delivery, que administra a chamada “última milha” do processo de distribuição). “nós não somos pessoas de TI. com as soluções na nuvem da HighJump, nós não precisamos nos preocupar com equipamento.”, afirma tim goettler, vice-presidente da Goettler distributing, que adiciona: “o modelo de pagamento mensal permite que empresas pequenas como a nossa possam se beneficiar de um nível de tecnologia normalmente acessível apenas para grandes distribuidores.”

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Nicolas Raumax
,
Diretor geral da generix:
“aqui a resistência de
externalizar o seu sistema, seus dados vai ser
muito menor do que foi
na Europa. os brasileiros
têm um gosto pela tecnologia que você não vê nos
países europeus.”

oswaldo-procopio
Oswaldo Procópio
,
Arquiteto líder de segmento
de distribuição e logística
da Totvs: “num passado
recente, as empresas
tinham receio em partir
para a nuvem. Hoje, eu já
não vejo mais isso, e sim,
entendo como uma oportu-nidade de negócio.”

marco-antonio
Marco Antônio
,
Consultor nacional da
Sankhya: “as pequenas
e médias empresas ainda precisam passar por
muitas etapas, como por
exemplo, implantar um
erP primeiro, para depois, no futuro pensar em
entrar na nuvem.”

leonardo-barros
Leonardo Barros
,
Diretor comercial da
Pc Sistemas: “a terceirização tem que acontecer
depois do amadurecimento da empresa. mas
o cliente tem que saber
primeiro fazer, porque se
não, a terceirização não
funciona.”

Uma empresa que fornece soluções diferenciadas nesse sentido para seus clientes é a gKo.

“Temos percebido o crescimento, não ainda como tendência, mas já num processo ascendente consistente, da demanda de soluções de software oferecidas como serviço e não por meio da tradicional cessão do direito de uso. neste modelo temos muitas alternativas, que vão desde o uso do modelo habitual de implantação no ambiente da empresa usuária, sendo o pagamento do sistema associado aos volumes de documentos ou valores gerenciados, podendo-se aprofundar o modelo por meio do uso de infraestrutura de terceiros, até chegarmos à terceirização integral da gestão de fretes. em cada uma dessas alternativas, há aspectos prós e contras”, explica Rodrigo Fávero, gerente da filial de São Paulo da gKo.

“Nesse último modelo, por exemplo, o cliente tem como benefícios a garantia de resultados sem que precise lidar com a complexa fase de implantação de softwares, infraestrutura tura e os treinamentos. a gKo tem crescido bastante nesse segmento, com alguns cases de sucesso, como Xerox e forever living. Para atender essa demanda crescente, criamos um novo braço de negócios para oferecer a terceirização da gestão de transportes a empresas de todo o Brasil. chamada de Logpartners, a nova empresa conta com a parceria da paulista Routing, que distribui no País o roteirizador roadshow”, completa Rodrigo.

Para Leonardo Barros, diretor de relações institucionais e novos mercados da Pc Sistemas, a terceirização tem que acontecer depois do amadurecimento da empresa, se não ela não funciona. “Primeiro as empresas tentam o desenvolvimento interno, aí quando elas chegam a um patamar em que já sabem o que querem, vão se especializar. nós temos alguns clientes que terceirizaram alguns pedaços da operação, mas não estão totalmente na nuvem. eles estão simplesmente alocando o servidor em outro lugar e alguns serviços estão na nuvem”, explica ele.

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Rafael Rojas
,
Diretor comercial da Target: “com a obrigatoriedade da nota fiscal eletrônica, uma enorme oportunidade se abriu para que o SaaS pudesse ocupar um espaço maior no mercado, oferecendo redução nos custos de aquisição e manutenção.”

oswaldo-procopio
Rodrigo Fávero
,
Gerente da filial de São Paulo da gKo: “temos percebido um grande crescimento da demanda de soluções de software oferecidas como serviço e não por meio da tradicional cessão do direito de uso.”

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Eveli Morasco
,
Diretor técnico da Sythex: “nós vimos a oportunidade de oferecer produtos no modelo SaaS e estamos indo muito bem nesse sentido. nossos clientes estão sendo muito receptivos e aos poucos essa modalidade está se popularizando.”

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Fernando Tavian
,
Gerente de contas da Simbio Softwares: “a principal vantagem de uma empresa entrar na nuvem é a redução do tco (“total cost of ownership”, custo total da propriedade) e o melhor controle dos serviços prestados.”

Características
O sistema de “clouding computing” traz várias vantagens para seus usuários:

cloud-computing• Na maioria dos casos, o usuário pode acessar determinadas aplicações independente do seu sistema operacional ou de hardware;
• O usuário não precisa se preocupar com a estrutura para executar a aplicação. Hardware, procedimentos de backup, controle de segurança, manutenção, entre outros, ficam a cargo do fornecedor do serviço;
• O compartilhamento de dados e trabalho colaborativo se tornam mais fáceis, uma vez que todos os usuários acessam as aplicações e os dados do mesmo lugar: a “nuvem”.
• Dependendo do fornecedor, o usuário pode contar com alta disponibilidade, já que se, por exemplo, um servidor parar de funcionar, os demais que fazem parte da estrutura continuam a oferecer o serviço;
• O usuário pode contar com melhor controle de gastos. muitas aplicações em “cloud computing” são gratuitas e, quando é necessário pagar, o usuário só o fará em relação aos recursos que usar ou ao tempo de utilização.note que, independente da aplicação, com a “cloud computing” o usuário não necessita conhecer toda a estrutura que há por trás, ou seja, ele não precisa saber quantos servidores executam determinada ferramenta, quais as configurações de hardware utilizadas, como o escalonamento é feito, onde está a localização física do datacenter, etc.

O que importa ao usuário é saber que a aplicação está disponível nas “nuvens”, não importa de que forma.

A Simbio Softwares percebe que, apesar do crescimento tecnológico, nos deparamos com a escassez de mão de obra qualificada, em contrapartida algumas empresas optam por centralizar em um único fornecedor todos os serviços, obtendo redução do tco (“total cost of ownership”, custo total de propriedade) e melhor controle dos
serviços prestados.

“Pensando nisso a Simbio Softwares procura associar serviços e anteceder tendências. Por exemplo, o controle logístico por RFID previne roubos e falsificações; melhora o reabastecimento com eliminação de itens faltantes e aqueles com validade vencida, contagem instantânea de estoque; facilita os sistemas empresariais de inventário, entre outras inúmeras vantagens. e o RFID associado ao software na nuvem torna esse processo mais dinâmico em empresas que possuem filiais em locais distantes. além disso é possível centralizar todas as informações e ter maior controle do que se passa em sua empresa. isso se torna mais vantajoso e completo quando agregamos o gerenciamento eletrônico de documentos (ged) completo e a automatização de fluxos de trabalho. resumindo: o futuro é o controle total e na nuvem de todos os processos e informações, e para isso a Simbio Softwares está preparada”, afirma Luiz Campolongo, diretor comercial.

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Daniel Bio
,
Gerente da SaP: “a tecnologia para que nossos clientes entrem na nuvem todos nós (fornecedores) temos, porém as empresas têm medo de colocar todos os seus dados, informações nas mãos de um terceiro.”

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Hélcio Fernando Lenz
,
Presidente da otimis: “com a entrada das em-presas na nuvem você acaba diminuindo a necessidade de ter mão de obra especializada, porque o problema passa a ficar nas mãos do fornecedor.”

marco-antonio
Marcio Morari
,
Diretor comercial da mHa: “eu vejo que hoje não é cultural, pelo contrário, muitas empresas querem SaaS. o problema é nossa extensão territorial e infraestrutura: o link não chega aonde a empresa tem um depósito.”

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Wagner Tadeu Rodrigues
,
Diretor presidente da Store: “a dificuldade em fazer com que as empresas entrem na nuvem não é acabar com o medo da tecnologia e sim convencê-las a aceitar essa ‘nova’ forma de fazer negócios.”


Exemplos

Apesar de o termo “cloud computing” ser recente, a ideia não é necessariamente nova. Serviços de e-mail, como gmail e Yahoo! mail; discos virtuais na internet, como dropbox; sites de armazenamento e compartilhamento de fotos ou vídeos, como flickr e Youtube, são exemplos de aplicações que, de certa forma, estão dentro do conceito desse conceito.

Todos esses serviços não são executados no computador do usuário, que pode acessá-los de qualquer lugar, muitas vezes sem necessidade de instalar aplicativos em sua máquina ou de pagar licenças de software. no máximo, paga-se um valor periódico pelo uso do serviço ou pela contratação de recursos adicionais, como maior capacidade de armazenamento de dados, por exemplo.

“A disponibilização dos softwares na nuvem parece muito com o uso do e-mail. nós fomos nos acostumando a usar esses serviços dessa maneira. isso foi se tornando natural e hoje nós vemos muitos clientes indo para a nuvem”, explica Hélcio Fernando Lenz, presidente da Otimis.e não são apenas os softwares que podem ser acessados remotamente pela nuvem. os recursos de hardware como processamento e armazenamento também (hoje já é comum guardarmos arquivos, e-mails, fotos, vídeos em servidores de ter-ceiros e acessá-los remotamente pela web).

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Desafios
Entretanto, como toda nova tecnologia, os avanços também são acompanhados de riscos. na verdade, qualquer tentativa de definir o que é “cloud computing” pode não ser 100% precisa. isso porque as ideias por trás desse termo ainda são muito novas e as opiniões de especialistas em computação ainda divergem.

É claro que ainda há muita coisa por fazer. Por exemplo, a simples ideia de determinadas informações ficarem armazenadas em computadores de terceiros (no caso, os fornecedores de serviço), mesmo com documentos garantindo a privacidade e o sigilo, preocupam pessoas e, principalmente, empresas, motivo pelo qual esse ponto precisa ser mais bem estudado. “a tecnologia todos nós temos, porém as empresas têm medo de colocar todos os seus dados, informações nas mãos de um terceiro”, afirma daniel Bio, gerente da SaP.

Para marco antônio, consultor nacional da Sankhya, as empresas não têm com que se preocupar: “Pelo aquecimento do mercado, a empresa está muito mais susceptível ao seu colaborador, que pode sair, ir para o concorrente e levar informações muito mais caras do que quando você tem um compartilhamento de dados na nuvem”.

Além disso, há outras questões, como o problema da dependência de acesso à internet: o que fazer quando a conexão cair? algumas companhias já trabalham em formas de sincronizar aplicações off-line com on-line, mas tecnologias para isso ainda precisam evoluir bastante.

Outro problema é a extensão territorial e a precária infraestrutura do Brasil, segundo Marcio Morari, diretor comercial da mHa: “o link não chega aonde a empresa tem um depósito. mas nós temos muitos projetos nos quais os cliente querem SaaS; eles não querem gerenciar servidor nem WmS. Por isso, desde 2007 nós demandamos 100% web em SaaS. o que falta é infraestrutura para que lá na ponta o sistema consiga ser acessado remotamente. nós temos clientes que utilizam um sistema que está na alemanha, na Holanda, no Peru, etc.

A tendência da nuvem é, quanto mais ela se amplia, o cliente ter um custo menor.

E aí as pequenas e médias empresas serão beneficiadas por isso, porque elas irão investir menos para ter a solução”.

“A questão de como o cliente se financia ainda favorece a compra da licença. as pequenas e médias empresas ainda precisam passar por muitas etapas, como por exemplo, implantar um ERP primeiro, para depois, num futuro, pensar em entrar na nuvem”, discorda marco antônio.

Segundo Wagner Tadeu Rodrigues, diretor presidente da Store, também há o outro lado: empresas que buscam uma especialização maior. “isso tem muito a ver com o SaaS (“software as a service”). o problema não é a tecnologia e sim convencêlas a aceitar essa forma ‘nova’ de fazer negócios.

A forma como esses serviços serão cobrados também é outra questão muito importante. fornecedores que tiveram sucesso vendendo licenças,seja de software ou de hardware, terão que migrar para o modelo de venda de serviços.

By IMAM

O IMAM desde 1979 vem publicando conteúdo sobre Logística e Supply Chain

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