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28922Entre a resiliência e a flexibilidade fique com as duas. No entanto, a logística não é uma atividade tão simples, como muita gente imagina e também não é tão fácil.

A logística é atividade meio, porém, que representa muito na competitividade na atividade fim de qualquer empresa. Nesta ambidestria, o primeiro passo deste trabalho é de suma importância considerar que a flexibilidade da logística em cenário de crise compreende a adaptação a mudanças na realidade (homeostase) e capacidade de restaurar os níveis de resposta e de operação (resiliência).

A logística possui uma atuação fundamental nos processos das empresas. Em tempos de instabilidade econômica e financeira, o setor ainda merece destaque. As novas formas de pensar na atividade logística mediante o atual cenário, favorece para o surgimento de parcerias com distribuidores ou mesmo com outras empresas com o objetivo de rateio de custos e otimização de processos.

Atualmente as empresas brasileiras vivem um momento extremamente desafiador. Este novo cenário é caracterizado pela busca por maior competitividade, desenvolvimento tecnológico, melhor oferta de produtos e serviços adequados às expectativas dos clientes.

Para superar estes desafios, algumas Empresas buscam tomar ações voltadas para redução de custos de uma forma isolada (através da eliminação de posições em seu quadro de colaboradores, eliminação do cafezinho, controle de ligações telefônicas e outras tão conhecidas). Estas ações, às vezes se fazem necessárias, no entanto, quando tomadas de forma isolada, não garantem o resultado desejado.

Para compreender como a flexibilidade pode ser aplicada com eficiência na logística e aumentar o potencial competitivo é necessário considerar alguns exemplos práticos, como os que seguem.

Flexibilidade de mix: trata-se da personalização dos produtos, dando ao cliente maior variedade de opções (cor, tamanho, quantidade). Já a flexibilidade de entrega consiste na habilidade para reprogramar a entrega de bens e serviços, considerando as formas de reposição — reposição contínua, em que a quantidade é fixa. Com isso o serviço ao cliente é o resultado final da execução de todas as outras operações logísticas. Visto que é necessário atender as necessidades específicas de cada cliente.

Quando falamos em volume, processos, gestão, é necessário falar da importância da cultura Six Sigma (reduzir a variabilidade e os erros do processo tornando mais eficiente), mas, principalmente do Lean Manufacturing onde deve-se analisar os oito grandes desperdícios que são:

1. Processamento improprio (excesso, além do que o cliente solicitou);
2. Produção excessiva (qualidade ou quantidade?);
3. Estoque (armazenagem de insumos em excesso, matéria prima ou produto acabado);
4. Transporte (mal necessário);
5. Movimentos desnecessários (movimentação desnecessária de equipamentos e até de pessoas no processo);
6. Defeitos e retrabalhos (produto com defeito);
7. Espera (Just in Time); 8- Conhecimento (pessoas – habilidades e conhecimentos que não são usados adequadamente).

Por esse motivo fala-se em disseminar a cultura Lean dentro da empresa (reduzir desperdícios, aumentar a velocidade da produção para aumentar a eficiência).

No quesito cadeia de suprimentos, fornecedores, inovação o conceito de indústria 4.0, internet das coisas (IoT), IA (inteligência artificial), e a Blockchain veio para revolucionar toda cadeia. Pois, mostrará um processo conectado de ponta a ponta com rastreabilidade e processos automatizados. Onde transmite maior segurança e confiança para o cliente final.

A flexibilidade logística pode oferecer muitas vantagens, inclusive operacionais. Já vimos que ela ajuda a aumentar o potencial competitivo. Além disso, ela permite: agilidade de resposta, com o desenvolvimento de serviços mais rápidos; maximização do tempo; manutenção da confiabilidade, mantendo as operações dentro do que foi programado.

Resiliência: A capacidade de se recuperar ou se adaptar a mudanças, nesse caso oriundo da crise. Não existe formula mágica, as organizações se adaptam a tudo a sua volta e a todo momento, as vezes de forma lenta quase imperceptível e as vezes de forma drástica.

A Logística não foge a isso, irá se adaptar também, a forma de agir, pensar, enxergar processos, métodos, novas tecnologias gerarão uma reflexão profunda em toda a cadeia de suprimentos. Com isso consequentemente mudará a realidade e paradigmas, porém organizações sem visão holística de negócio se resumem apenas em demissões e reduções de custos, o que não está errado. Mas, pouco significativo no que diz respeito a conceitos e mudanças profundas.

Executar os processos com extrema eficácia em ambiente com escassez de recursos mantendo o nível de serviço e reduzindo custos, torna-se um grande desafio para a logística. Veja que em muitas empresas gasta-se muito tempo para corrigir erros, ajustar inventário, acertar cadastros mal feitos. Então se fizessem certo da primeira vez muitos custos seriam eliminados. A logística pressupõe flexibilidade e resiliência com ou sem crise, pois as variáveis (mutantes e flutuantes) que a definem estão sempre mudando.

A cadeia de suprimentos é composta por vários setores, representando um conjunto de processos necessários para obter materiais, agregar-lhes valor dentro da concepção dos seus clientes e disponibiliza-los onde e quando os clientes desejarem. Enfim, é um setor dinâmico, cheio de desafios e muito propenso a conflitos. Quem decide trabalhar nas áreas que envolvem o abastecimento e obter sucesso, precisam ser profissionais resilientes e não resistentes.

No Brasil em detrimento da nossa crítica infraestrutura (malha logística) precisamos criar alternativas estratégicas, pois, sempre somos “incentivados” a identificar soluções alternativas nas mais conturbadas situações possíveis, já que não dispomos de infra-estrutura operacional adequada (espaço físico, docas, equipamentos de movimentação, etc.). Não somente a Logística, mas sim todas as áreas das corporativas têm que se lançar em projetos de readequação de demanda e certamente ter a flexibilidade em se ajustar num cenário aparentemente “pós-recessivo”, a uma logística resiliente à crise pode-se utilizar-se de alguns recursos como a criatividade e inovação, buscando maneiras não convencionais e nunca antes imaginadas para ultrapassar o atual cenário de crise. Torna-se imprescindível atribuir grande valor a logística, justamente pela vantagem competitiva sobretudo em um ambiente mercadológico de incertezas.

Por Gilvam Vieira da Silva, Especialista em Metodologia do Ensino Superior

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