O ano era 1999. A internet estava se popularizando no Brasil, alcançando a marca de 2,2 milhões de usuários – mas ainda era cara e lenta.
Miguel Abuhab ignorou esses fatores e anteviu o potencial de crescimento e de conexão do país e do mundo. Empreendedor visionário, aplicou seu conhecimento de software de gestão interna, obtido no comando da catarinense Datasul, e cobiçou ir além: era necessário fazer a integração entre as empresas – e a internet seria a plataforma dessa nova ferramenta.
A visão futurista de Abuhab não contagiou seus então sócios. Apesar das adversidades, o confiante empresário apostou suas fichas na iniciativa. Abuhab criou a NeoGrid, uma empresa concebida exclusivamente para criar soluções de integração da cadeia de suprimentos – um sistema colaborativo capaz de gerir o fluxo de informações e processos entre indústria e varejo. Inicialmente, ainda dentro da Datasul, sua atividade se limitava ao desenvolvimento de aplicações de integração entre softwares de gestão interna. Hoje, muito mais que uma empresa de integração, trata-se de uma rede de negócios.
Nos softwares da NeoGrid, a parceria entre a indústria e o varejo se concretiza através de três funcionalidades básicas. A integração, em primeiro lugar, possibilita a troca de documentos, a sincronização dos cadastros entre as indústrias e os varejos, e a atualização das informações sobre produtos. No estágio seguinte, as aplicações de visibilidade de estoque e venda aprimoram o compartilhamento de informações com o trânsito de dados comerciais, o que auxilia as empresas no controle de entrada e saída dos produtos e de avaliação do desempenho de praças e itens – informações fundamentais para o planejamento de estratégias de vendas e de reposições. O último estágio – planejamento e reposição – materializa a eficiência das trocas de informações e do compartilhamento dos índices de desempenho de venda. Com algoritmos inteligentes, a NeoGrid possibilita o controle e a reposição automática de produtos em prateleiras e estoques. A integração dos processos é perceptível nas gôndolas dos supermercados com a quantidade adequada de produtos, mantendo um estoque equilibrado e as prateleiras atendendo ao gosto do consumidor.
De Joinville para o mundo
A história da NeoGrid revela a característica de uma empresa que buscou o crescimento em toda a sua trajetória. E a estratégia da companhia segue a mesma, com investimento em uma série de aquisições de empresas de tecnologia, aumentando seu leque de atuação. A primeira delas foi a compra da brasileira XPLAN, em 2006, que acrescentou ao seu portfólio aplicações de planejamento e reposição de estoque. Na sequência, em 2007, incorporou uma malha ampla composta por varejo e indústria, com a aquisição da Mercador do Grupo Telefônica. Tal avanço levou a companhia a assumir, desde 2008, a liderança em supply chain no Brasil, segundo o International Data Corporation.
Internacionalização também foi uma constante na trajetória da NeoGrid, iniciando o processo com a aquisição da holandesa Vivacadena, especializada no segmento fast fashion. Com a transação, a companhia brasileira alcançou uma penetração profunda nos varejos da Europa. Também no ano de 2008, a companhia adquiriu a norte-americana Agentrics, o que levou a NeoGrid a aumentar sua participação no mercado europeu ocupado por esta.
No Brasil, ao final de 2013, a NeoGrid adquiriu a G2KA e, no início de 2014, incorporou a BIS Company – sua maior concorrente em soluções para visibilidade de estoque e vendas para indústrias e varejos. Em paralelo à expansão nacional, a NeoGrid direciona seu foco para o incremento de mercado na América Latina. Ao longo de 2014, firmou uma parceria com a Nielsen, especialista em comportamento do consumidor, para avançar na estratégia de compartilhamento de informações e fortalecimento da área de visibilidade no continente.
A atuação da NeoGrid vai além das regiões onde estabelece escritórios físicos, como Amsterdam, Tóquio, Londres e Chicago. Por utilizar cloud computing, sua presença se estende com atendimento a empresas em mais de 60 países, mesmo sem presença local. No Brasil, a mesma lógica se aplica, com escritórios em Porto Alegre, Joinville e São Paulo, mas atuando em todos os territórios.