A necessidade de acompanhar as novas tendências do mercado da logística ou a incapacidade de chegar a consensos políticos foram focos de discussão na terceira sessão das conferências Próximo Nível, organizadas pelo Expresso em parceria com o Banco Popular.
A quarta sessão – num total de sete que decorrerão até ao final do ano – vai debruçar-se sobre o sector do imobiliário, a 4 de julho. Há mais de 30 anos, quando Eduardo Rangel fundou a primeira das empresas que viriam a formar o grupo Rangel, fê-lo com base na sua experiência como despachante na alfândega do Porto. Pouco e pouco, o grupo começou a crescer, as ideias para novas unidades de negócio a surgir e, acompanhando as novas tendências do mercado, o grupo foi-se transformando em algo maior, deixando para trás o rótulo que o definia exclusivamente como um prestador de serviços de transportes.
Partes dessa história, assim como o caminho semelhante que a gigante DHL tem percorrido, o trabalho desenvolvido pelo departamento de logística da Volkswagen Autoeuropa ou os desafios e oportunidades de todas essas funções associadas ao setor, elencados pela APAT (Associação Portuguesa de Transitários), foram esta terça-feira abordados na terceira sessão das conferências Próximo Nível, organizadas pelo Expresso em parceria com o Banco Popular e desta feita dedicadas ao setor da logística.
O grupo Rangel, que se anuncia como um “parceiro logístico global”, é hoje liderado por Nuno Rangel, um dos filhos do fundador, que faz questão de manter o negócio inovador e a par das tendências de mercado como acontece desde a sua criação. “Fazemos toda a parte de logística e de transportes, mas também a parte de e-commerce, o marketing… Para nós, o futuro passa por oferecer mais aos clientes”. Uma necessidade que há muito vinha sendo identificada pela DHL Supply Chain, corrobora o country manager da empresa em Portugal, Rui Gomes: “A DHL tem procurado nos últimos 10 a 12 anos antecipar as tendências do mercado – as tendências sociais, económicas, políticas, de tecnologias de informação. Elas vão definir como é que o mundo funciona, e nós vemo-las como oportunidades e não como debilidades”.
“Começámos a fazer o caminho da integração – há dez anos, a DHL não era nem de perto nem de longe o que é hoje. Era fundamentalmente uma empresa focada no transporte, mas cada vez menos os clientes nos veem como um exportador e mais como um gestor das cadeias de abastecimento”, explica Rui Gomes. “Foi preciso perceber que as empresas iam caminhar no sentido de globalização e não tinham estruturas para gerir toda esta complexidade. A DHL tenta simplificar e ultrapassar dificuldades em todos os elos da cadeia, para que os clientes não tenham de desbloquear essas dificuldades”.
O admirável mundo novo do comércio eletrónico
Admitindo que nem todos os clientes estão ainda dispostos a entregar as suas operações logísticas a outras empresas – “a maior parte das empresas portuguesas querem ter as suas estruturas, mas muitas vezes vejo que poderíamos melhorar as suas condições de forma radical” -, Nuno Rangel assegura que compensa tratar dos processos necessários de forma integrada, oferecendo serviços como a parte online e do e-commerce.
“Temos vindo a estudar muito a solução do e-commerce e, na minha opinião, Portugal ainda está muito atrás, sem tratar desta parte de forma profissional”, sublinha o CEO e vice-presidente do grupo familiar. “Às vezes os empresários não acreditam que aquilo vá ser uma grande solução, outros só disponibilizam o seu site em língua portuguesa… Nós criámos uma solução em que fazemos tudo integrado, da plataforma online ao serviço de clientes, em várias línguas. Se queremos atuar em mercados como o italiano ou o alemão, temos de ter o site inteiro disponível nessas línguas”.
Não só para a venda online servem as novas tecnologias, cujo papel preponderante é enfatizado pelos oradores: Sandra Augusto, diretora de logística da Volkswagen Autoeuropa, lembra que na fábrica há soluções e ideias que podem revolucionar a forma como esta cadeia funciona. “Na Autoeuropa temos a logística 4.0, que passa por termos um sistema de tecnologias de informação que integra todos os passos que precisam de ser geridos. O ideal seria os materiais chegarem ao nosso armazém, e a partir daí o sistema de informação poder gerir o sistema físico sem a intervenção humana”. A novidade não viria roubar postos de trabalho, assegura: “A questão seria colocar as pessoas numa zona da cadeia de valor muito acima, trabalhando muito mais com o intelecto”.
A sessão intimista, inaugurada por Carlos Álvares, CEO do Banco Popular, e moderada por João Vieira Pereira, diretor-adjunto do Expresso, contou com várias intervenções sobre o futuro da área e as próximas soluções a adotar em Portugal, mas os desafios também foram lembrados. É que como Paulo Paiva, presidente da APAT, faz questão de recordar, para que todas estas ideias sejam postas em prática há um longo caminho de consensos a percorrer: “Queremos acompanhar as novas tecnologias, estar na frente a nível de comercio eletrónico, mas não apostamos no que é vital. Algo tem de mudar para que as decisões estruturantes sejam tomadas de forma consensual e executadas”. Os colegas de painel concordam, pedindo consensos a nível “suprapartidário”: “As ideias são constantemente adiadas e isso prejudica o país”.
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